Nos últimos dias, o Pantanal tem enfrentado uma verdadeira batalha contra incêndios florestais, e o governo do Estado precisou usar recursos aéreos para conter as chamas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre 20 e 22 de junho, foram registrados 270 focos de calor no Pantanal, sendo 255 em Mato Grosso do Sul
Para enfrentar a crise, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul disponibilizou dois helicópteros e um avião que estão em ação desde sexta-feira (21). As aeronaves têm atuado principalmente em Corumbá e Ladário, áreas severamente atingidas, onde o fogo formou uma verdadeira muralha, causando grande apreensão entre os moradores.
Os helicópteros utilizam um equipamento chamado bambi bucket, com capacidade para até 820 litros de água, abastecido diretamente no rio Paraguai, para combater as chamas. “A liberação da água é feita pelo piloto, mas ocorre com a coordenação da cabine que indica o local exato para que o despejo seja feito”, explica o coronel Fábio, que comanda uma das operações.
Essa operação é a terceira missão da Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo (CGPA) no Pantanal desde o início do mês. Anteriormente, as aeronaves foram utilizadas para transportar brigadistas até áreas de difícil acesso. Um terceiro helicóptero chegou a Corumbá na sexta-feira e já iniciou suas atividades no sábado.
Devastação sem precedentes
Os números de 2024 já ultrapassam os registros do mesmo período de 2020, ano recorde de queimadas no bioma. Segundo dados do Programa de BDQueimadas do INPE, o primeiro semestre de 2024 teve 8% mais focos de incêndio em comparação ao mesmo período de 2020. Em termos de área devastada, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reporta que o Pantanal já perdeu 541,5 mil hectares em 2024, com 398,6 mil hectares só em Mato Grosso do Sul.
Antecipação da temporada do fogo
Especialistas apontam que a antecipação da temporada de incêndios, que tradicionalmente ocorre entre julho e agosto, é um dos fatores críticos para o aumento dos focos. Condições climáticas adversas, incluindo seca severa e estiagem, expuseram o Pantanal ao fogo mais cedo este ano. “Os eventos climáticos e a escassez de chuvas criaram um cenário propício para a propagação das chamas”, explicam os especialistas.