Há 30 anos, em 1° de julho de 1994, o real entrou em circulação, marcando o fim de uma era de hiperinflação e instabilidade econômica no Brasil.
Antes do Plano Real, o país enfrentava uma inflação que ultrapassava os 2.500% ao ano, obrigando a população a gastar rapidamente seus salários antes que os preços fossem remarcados nas prateleiras dos supermercados.
A Hiperinflação e a crise econômica
Nos anos que antecederam o Plano Real, o Brasil vivia uma situação caótica. Em 1992, no início do governo de Itamar Franco, a inflação superava os 2.000% ao ano, com remarcações de preços diárias. Planos econômicos anteriores, como o Plano Collor, falharam em conter a crise, chegando até a confiscar o dinheiro da poupança dos brasileiros.
A hiperinflação era resultado de uma política de expansão de gastos públicos que aumentou o endividamento do país durante a ditadura militar.
Esse cenário foi agravado por crises globais que elevaram as taxas de juros e pioraram o câmbio, reduzindo a oferta interna de produtos e transformando os reajustes de preços em uma bola de neve.
O Plano Real
O Plano Real, desenvolvido por uma equipe econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso, trouxe estabilidade ao Brasil. Em 1993, o plano começou com um ajuste fiscal, cortando US$ 22 bilhões do Orçamento e aumentando as alíquotas dos impostos em 5%. O governo também criou um Fundo de Emergência para programas sociais.
Em fevereiro de 1994, o Banco Central introduziu a Unidade Real de Valor (URV), indexada ao dólar, que estabilizou os preços e preparou o terreno para o lançamento do real em julho do mesmo ano. A transição incluiu uma tabela de conversão e fiscalização para evitar aumentos de preços injustificados.
A inflação acumulada nos 30 anos do real foi de 708%, uma melhora significativa comparada aos anos de hiperinflação. Gilberto Rodrigues, de 62 anos, lembra das corridas aos supermercados antes da remarcação dos preços. “Vivi cinco mudanças de moeda e a correria era um drama diário”, conta.
Para quem tem menos de 40 anos, a hiperinflação é uma lembrança distante, mas o Plano Real é um marco de estabilidade e progresso na história econômica do Brasil.