A decisão do Carrefour França de suspender a comercialização de carne oriunda do Mercosul gerou forte reação de lideranças políticas e do setor rural de Mato Grosso do Sul.
O anúncio foi feito pelo CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, em 20 de novembro de 2024, e vale apenas para as unidades francesas da rede varejista.
Reação do Governo Estadual
O governador Eduardo Riedel manifestou indignação e classificou a decisão como um “absurdo comercial”. Ele afirmou que medidas como essa reforçam práticas protecionistas e prejudicam relações comerciais. “Estamos acompanhando essa decisão do Carrefour.
É o tipo de coisa que precisamos combater: iniciativas negativas que impactam injustamente nossa cadeia produtiva”, declarou Riedel.
Setor rural se posiciona
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, considerou o impacto comercial da decisão limitado, mas alertou para a necessidade de enfrentar o protecionismo europeu.
“Enviamos pouca carne à França, mas essa postura não pode ser ignorada. Defendo o livre comércio e a reciprocidade: se não querem nossa carne, que os produtores deixem de consumir no Carrefour”, disse Bumlai.
Rafael Gratão, presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce, também criticou a decisão, classificando-a como uma barreira comercial disfarçada de preocupação ambiental.
“O Brasil possui o Código Florestal mais rigoroso do mundo e preserva grande parte de sua vegetação nativa. Essa decisão ignora nossos esforços em sustentabilidade e produtividade”, afirmou. Gratão defendeu ações enérgicas contra a rede, incluindo a suspensão de vendas para o Carrefour em âmbito global.
Contexto da decisão
O Mercosul, que reúne Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, é alvo recorrente de críticas sobre práticas ambientais.
No entanto, lideranças do setor agropecuário ressaltam os esforços do Brasil em sustentabilidade, como a preservação de até 80% das propriedades rurais e o cumprimento de rígidas legislações ambientais.
A decisão do Carrefour reacende o debate sobre práticas protecionistas e a competitividade entre o agronegócio europeu e o brasileiro.