Imagine uma novela política onde o protagonista não é um herói, mas um anti-herói de alta voltagem. Estamos falando de Aparecido Andrade Portela, popularmente conhecido como Tenente Portela, cuja carreira política mais parece uma trama de traições e reviravoltas.
Tudo começou em 2023, quando Portela, com uma lábia de causar inveja, bateu na porta do deputado estadual João Henrique Catan. Num encontro emocionado, que mais parecia uma cena de novela mexicana, Portela conseguiu um cargo no gabinete do deputado. Foi nomeado assessor, com direito a retroativo e tudo, a partir de 1º de maio. O que parecia um conto de fadas político, logo se transformou em um drama digno de um prêmio.
Apenas quatro meses depois, no dia 31 de agosto, Portela fez as malas e partiu para um novo destino: a prefeitura de Campo Grande. Sim, ele foi nomeado chefe da Defesa Civil pela prefeita Adriane Lopes com o aval da senadora Tereza Cristina, abandonando Catan e seu projeto com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais.
Mas a história não termina aqui. Em 14 de março, menos de um ano após a sua primeira nomeação, Portela anunciou que deixaria o cargo na Defesa Civil para “cuidar do PL na capital”. Quem acreditou que ele finalmente tinha encontrado seu lugar, estava prestes a se decepcionar. O deputado Catan, que contava com a pré-candidatura à prefeitura, viu seus planos desmoronarem quando o partido se alinhou melancolicamente ao PSDB de Beto Pereira.
E para encerrar o ciclo de trapalhada com colegas, pelo menos por enquanto, Portela assume a presidencia estadual do PL em Mato Grosso do Sul, chancelado por Azambuja, dando o tombo no seu colega de partido, o deputado federal Marcos Pollon, que deixara o partido pronto com 39 pré-candidturas à prefeituas em todo o estado, podendo agora, com o trapalhão Portela, ter apenas 1 em Dourados, isso se o Reinaldo Azambuja deixar.
Com um histórico de três “empregos” em menos de um ano, Portela conquistou a fama de ingrato e traíra. De “amigo do Bolsonaro” a “traíra do Bolsonaro”, seu nome agora está associado a manobras políticas que entregaram o comando informal do PL ao ex-governador Reinaldo Azambuja. Fontes do partido confirmam que Azambuja é quem tem dado as cartas no estado, com Portela atuando como um peão no tabuleiro de xadrez político.
Em uma política onde a lealdade é mais rara do que um político honesto, Tenente Portela parece ter se especializado em dar as costas para quem lhe abriu portas. Se alguém um dia pensou em oferecer-lhe outra oportunidade, talvez seja bom lembrar: Portela sempre sai pela porta dos fundos.