A eleição para a prefeitura de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, está prestes a ser decidida no segundo turno, marcado para 27 de outubro
As candidatas que disputarão o cargo são a atual prefeita Adriane Lopes, do Partido Progressista (PP), e a deputada federal Rose Modesto, do União Brasil. Adriane, com 31,67% dos votos, e Rose, com 29,56%, emergiram como as principais forças eleitorais, confirmando a polarização esperada entre direita e centro-esquerda.
Apesar de ser considerada uma candidata de direita, Adriane Lopes não contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta eleição. Bolsonaro, em um acordo com o PSDB, decidiu apoiar Beto Pereira, candidato tucano e representante de um espectro político mais de centro-esquerda. No entanto, o acordo não foi suficiente para alavancar Beto nas urnas, já que a direita tradicional de Campo Grande preferiu concentrar seu apoio em Adriane, que consolidou sua imagem como a verdadeira candidata da direita local.
Apostando em obras públicas de última hora e uma gestão de recuperação financeira, Adriane teve sua campanha impulsionada pelo apoio da senadora Tereza Cristina (PP) e pela sua atuação como prefeita. O recapeamento de importantes avenidas, como a Ernesto Geisel, e a execução de projetos de infraestrutura em vários bairros da cidade contribuíram para que a prefeita se destacasse, mesmo sem o apoio oficial de Bolsonaro.
Fracasso do PSDB nas urnas
O plano de Bolsonaro e do PSDB de levar Beto Pereira ao segundo turno, no entanto, não se concretizou. Com uma campanha que contava com o apoio de figuras políticas de peso, como o ex-governador Reinaldo Azambuja, o atual governador Eduardo Riedel, o ex-presidente Bolsonaro, e o senador Nelsinho Trad (PSD), a candidatura de Beto parecia estar bem posicionada para um desempenho de destaque. Contudo, Beto enfrentou uma série de obstáculos que minaram suas chances.
Entre os tropeços, destaca-se a inclusão do nome de Beto na lista de contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o que gerou a percepção de que o tucano era um candidato “ficha suja”. Além disso, uma suposta delação envolvendo desvios de recursos do Detran enfraqueceu ainda mais sua campanha. Esses fatores, aliados à força crescente de Adriane e Rose, fizeram com que Beto ficasse apenas em terceiro lugar, com 25,96% dos votos.
Polarização no segundo turno: Adriane Lopes x Rose Modesto
Com a derrota de Beto Pereira, o cenário eleitoral agora se desenha em uma disputa entre duas mulheres: Adriane Lopes e Rose Modesto. Rose, uma professora com uma carreira política meteórica que inclui passagens como vereadora, vice-governadora e deputada federal, alcançou o segundo turno com uma campanha focada em seu carisma e no recall de eleições anteriores, especialmente na corrida para o governo do estado em 2022, onde terminou em quarto lugar.
Sem o apoio das grandes “máquinas políticas”, como o governo estadual e a prefeitura, Rose confiou em sua trajetória e no apoio do União Brasil. Mesmo enfrentando a concorrência direta de Beto Pereira, que contava com um mega palanque formado pelos principais caciques da política sul-mato-grossense, Rose superou os obstáculos e garantiu seu lugar no segundo turno.
O golpe de Bolsonaro contra Adriane e o realinhamento da direita
O maior desafio enfrentado por Adriane Lopes foi o distanciamento de Jair Bolsonaro. Na tentativa de conquistar o ex-presidente, Adriane participou de manifestações em São Paulo e no Rio de Janeiro contra o Supremo Tribunal Federal, alinhando-se ao bolsonarismo em seus discursos. No entanto, Bolsonaro, em um movimento estratégico que surpreendeu muitos, decidiu apoiar Beto Pereira, preferindo um candidato mais alinhado ao centro para tentar ampliar sua base eleitoral em Mato Grosso do Sul.
Apesar disso, a maioria do eleitorado bolsonarista local decidiu seguir um caminho diferente. Sensibilizados pelos esforços de Adriane em seguir uma linha de direita, os apoiadores de Bolsonaro rejeitaram o apelo do ex-presidente para votar em Beto e optaram por Adriane como a verdadeira representante do conservadorismo.
O resultado
O primeiro turno terminou com a prefeita Adriane Lopes à frente, com 140.913 votos (31,67%), enquanto Rose Modesto ficou em segundo lugar, com 131.525 votos (29,56%). Beto Pereira terminou em terceiro com 115.516 votos (25,96%), seguido pela candidata petista Camila Jara, que obteve 9,43% dos votos. O segundo turno, portanto, deverá ser marcado por uma forte polarização entre Adriane, que representa a direita, e Rose, que deve atrair o apoio do PT, reforçando sua posição de centro-esquerda.
Com o cenário político de Campo Grande altamente dividido, a expectativa é de uma disputa acirrada no segundo turno, onde cada voto será decisivo para definir o futuro da capital sul-mato-grossense.