O cenário político de Campo Grande ganha um novo capítulo com a declaração de apoio de Capitão Contar (PRTB) à candidatura de Rose Modesto (União Brasil) no segundo turno das eleições municipais. A decisão pegou de surpresa muitos de seus apoiadores, especialmente aqueles ligados à direita, que não esperavam a aliança com uma candidata que já ocupou um cargo de confiança no governo federal durante a gestão do ex-presidente Lula, além de ter o respaldo de figuras próximas ao PT.
No primeiro turno, a postura do partido de Contar foi de neutralidade, apesar das expectativas de que ele se alinharia com a candidatura de Adriane Lopes (PP), vista como a principal representante da direita em Campo Grande. Inclusive, especulava-se que Contar poderia compor a chapa como vice ao lado de Adriane, com apoio da senadora Tereza Cristina (PP), reforçando um bloco conservador na disputa. No entanto, a escolha pelo silêncio deixou muitos de seus eleitores sem uma direção clara.
Com o avanço do segundo turno, a pressão para que Contar se posicionasse aumentou. Seu silêncio gerava especulações e cobranças, principalmente de apoiadores que esperavam uma postura coerente com a trajetória do ex-deputado, marcada pelo alinhamento com pautas conservadoras. Ao declarar apoio a Rose, a reação foi mista, com uma parcela do eleitorado se manifestando contra a decisão, enquanto outros buscaram entender os motivos por trás da aliança.
A relação entre Capitão Contar e Rose Modesto não é nova. Durante as eleições estaduais de 2022, quando Contar disputou o governo de Mato Grosso do Sul contra Eduardo Riedel (PSDB), Rose o apoiou no segundo turno. Na ocasião, a aliança foi vista como uma tentativa de unir forças contra o então candidato tucano, que acabou vencendo a disputa. Agora, com os papéis invertidos, o apoio de Contar a Rose pode ser interpretado como uma retribuição política, ainda que a decisão vá contra o esperado por muitos dos seus eleitores mais fiéis.
Para Contar, que sempre se apresentou como uma figura antissistema e defensor de pautas de direita, o apoio a Rose, cuja trajetória inclui passagens pelo governo petista e proximidade com nomes associados à esquerda, representa uma escolha pragmática que foge à retórica ideológica. Os críticos argumentam que a aliança com uma candidata que já ocupou cargo de confiança na gestão Lula coloca em xeque a coerência do discurso de Contar e o distanciamento em relação a figuras ligadas ao Partido dos Trabalhadores.
Com essa reviravolta, a disputa pela prefeitura de Campo Grande ganha novos contornos, trazendo à tona questões sobre coerência ideológica e alianças estratégicas. Enquanto Adriane Lopes fortalece sua base com figuras de destaque na direita, como Tereza Cristina, Michele Bolsonaro e outros líderes conservadores, Rose Modesto tenta expandir sua coalizão para além dos limites ideológicos, buscando apoio em diferentes espectros políticos.
No segundo turno, os eleitores terão que avaliar não apenas as propostas, mas também as alianças que moldam o cenário político, ponderando se as decisões estratégicas tomadas pelos candidatos e seus apoiadores estão em consonância com suas expectativas e com o futuro que desejam para Campo Grande. A escolha de Capitão Contar certamente terá impacto no rumo da campanha e nas expectativas para o desfecho das eleições municipais.