A eleição de 2024 em Nioaque confirma a dificuldade de prefeitos em garantir sucessores, reforçando a alternância de poder e a busca do eleitorado por mudança
A dificuldade recorrente dos prefeitos de Nioaque: eleger sucessores. André Bueno Guimarães (PP) foi eleito com 57,34% dos votos, derrotando Juliano Rodrigo Marcheti (PSDB), candidato apoiado pelo atual prefeito, Valdir Couto de Souza Júnior (PSDB). A derrota de Juliano mantém viva a tradição de alternância no poder no município.
Situação semelhante ocorreu em 2012, quando a então prefeita Ilca Corral Mendes Domingos (PMDB) tentou eleger seu sucessor, Hermenegildo Santa Cruz, o Menê (PTdoB), então secretário municipal. Mesmo com o apoio da prefeita, Menê perdeu para Gerson Garcia Serpa (PSB), comerciante local. Gerson, por sua vez, não conseguiu reeleger-se em 2016, sendo derrotado por Valdir, que agora também enfrenta obstáculos para manter o controle do Executivo municipal.
Causas da derrota em 2024
Os sucessivos fracassos na sucessão municipal em Nioaque se explicam por uma combinação de fatores. Após dois mandatos, o prefeito Valdir acumulou desgaste, e a rejeição à sua gestão contaminou a candidatura de Juliano. O eleitorado, cansado da administração, parece inclinado a buscar novas lideranças, fenômeno comum após períodos prolongados de governo.
Outro ponto determinante foi a antecipação da candidatura de André, que se consolidou como alternativa de oposição antes mesmo de Valdir escolher seu apoiado. André, genro de um comerciante local, teve mais tempo para articular apoios e conquistar eleitores, posicionando-se como a figura da mudança desejada por boa parte da população.
A indefinição de Valdir sobre seu sucessor prejudicou a campanha de Juliano. Essa demora permitiu que a oposição ganhasse terreno enquanto o grupo da situação lidava com conflitos internos que retardaram o início da campanha. Com isso, Juliano não conseguiu percorrer o município e se apresentar ao eleitorado em tempo hábil.
Além disso, Valdir perdeu o apoio de importantes lideranças políticas e vereadores ao longo de seu mandato, o que resultou na perda de centenas de votos para Juliano. Os compromissos políticos acumulados durante seus dois mandatos também impactaram diretamente a campanha de seu sucessor. Valdir precisou acomodar aliados na equipe de Juliano, o que restringiu a possibilidade de renovação e a construção de uma identidade própria para o candidato. Como resultado, a candidatura de Juliano foi vista como uma continuidade das práticas impopulares da gestão atual, apesar das obras e investimentos que Valdir trouxe para a cidade. Mesmo que Juliano fosse bem quisto por grande parte dos eleitores, ele não conseguiu se desvincular completamente da imagem desgastada do governo.
Esses fatores ajudam a entender a dificuldade da sucessão em Nioaque, onde a alternância de poder é constante. A população prefere candidatos que simbolizem mudança, rejeitando líderes que, apesar de terem sido populares no passado, se desgastaram ao longo dos anos com erros e acertos durante seus mandatos.