O Instituto Ranking Brasil Inteligência, comandado por Antonio Ueno, enfrenta uma onda de críticas após apagar de seu site as pesquisas eleitorais realizadas em Sidrolândia e Amambai, que previam cenários bem diferentes dos resultados finais das eleições de 2024. A discrepância nos dados levou o instituto a ser questionado sobre a precisão de seus métodos e resultados, gerando desconfiança na opinião pública.
Erros em série em Sidrolândia e Amambai
Em Sidrolândia, uma pesquisa divulgada no dia 4 de outubro indicava vitória de Vanda Camilo (PP) sobre Rodrigo Basso (PL), com uma vantagem de 5,8%. O levantamento, que teve registro no TSE (nº MS-05196/2024), apontava Vanda com 46% das intenções de voto na pesquisa estimulada, enquanto Rodrigo tinha 40,2%. Os resultados anteriores mostravam oscilações nos percentuais, mas o cenário se consolidava como um empate técnico dentro da margem de erro de 4,3%.
No entanto, o resultado das urnas foi completamente diferente. Rodrigo Basso obteve uma vitória expressiva com 61,27% dos votos válidos (16.364 votos), enquanto Vanda Camilo ficou com 38,21% (10.206 votos). A diferença de mais de 23% entre os candidatos surpreendeu eleitores e levantou dúvidas sobre a precisão dos levantamentos.
A situação em Amambai foi semelhante. A última pesquisa do instituto, realizada entre 1º e 4 de outubro e registrada no TSE (nº MS-09354/2024), mostrava Janete Córdoba (PSDB) na liderança, com 40% das intenções de voto. Sérgio Barbosa (MDB) aparecia em segundo, com 32%, seguido por Luciney Bampi com apenas 1%. Com uma margem de erro de 4,86%, os números sugeriam uma disputa acirrada.
Contudo, o resultado final das eleições foi um revés para a pesquisa: Sérgio Barbosa venceu com 52,63% dos votos válidos (10.647 votos), enquanto Janete Córdoba obteve apenas 31,07% (6.285 votos). A diferença de mais de 21% entre os resultados da pesquisa e os votos apurados trouxe à tona questionamentos sobre a metodologia e a representatividade dos levantamentos feitos pelo instituto.
Falhas também em Campo Grande
Os problemas do Instituto Ranking não se limitaram ao interior do estado. Em Campo Grande, as pesquisas divulgadas durante o primeiro turno indicavam que Adriane Lopes (PP) estava em terceiro lugar na disputa, posição que não se concretizou após a apuração, quando a atual prefeita avançou para o segundo turno na primeira colocação.
As falhas frequentes nas previsões eleitorais colocaram o instituto sob pressão, especialmente por se apresentar como uma referência em inteligência política no estado. Com as divergências entre as pesquisas divulgadas e os resultados oficiais, o prestígio do Instituto Ranking vem sendo abalado, gerando desconfiança na precisão de seus levantamentos e levando o público a questionar seus métodos.
Transparência
A decisão de remover as pesquisas de Sidrolândia e Amambai do site sem um posicionamento oficial apenas alimentou a polêmica. Para muitos críticos, a falta de transparência na correção dos erros ou na justificativa para as discrepâncias reforça a percepção negativa sobre a credibilidade do instituto.
Embora o Instituto Ranking alegue ter um intervalo de confiança de 95% e margens de erro rigorosamente estabelecidas, os resultados observados indicam a necessidade de uma revisão aprofundada de suas práticas. Afinal, o intuito de uma pesquisa eleitoral é refletir a realidade, não distorcê-la.