Em meio às turbulências políticas de Mato Grosso do Sul, o Partido Liberal (PL) enfrenta mais um desafio. Após a formação de uma aliança controversa com o PSDB na capital, relatos indicam que pré-candidatos do PL estão sendo ameaçados de ter suas candidaturas reprovadas na convenção caso não apoiem o candidato do PSDB
O presidente estadual do PL, Tenente Portela, é uma figura central nesse cenário. Conhecido nos bastidores como o “bobo da corte” do PSDB, segundo fontes, Portela exigiu que, em Alcinópolis, seu partido faça alianças apenas com siglas de direita. Esta determinação contrasta com a recente aliança do PL com o PSDB, um partido de centro-esquerda, evidenciando uma contradição em sua postura política.
Em um vídeo gravado na sede do diretório estadual em Campo Grande e publicado nas redes sociais de Mané Nunes, pré-candidato à prefeitura de Alcinópolis pelo PL, Portela declarou que o partido está cumprindo promessas feitas pelos deputados federais Rodolfo Nogueira e Coronel David. Ele enfatizou que eventuais alianças devem ser feitas exclusivamente com partidos de direita. “Vocês estão livres para construir lá no município a aliança que convém para vocês, desde que seja de direita”, afirmou Portela no vídeo, destacando a polarização política em Alcinópolis.
Essa atitude não apenas limita a capacidade de construção política, mas também reforça uma imagem de inflexibilidade e autoritarismo dentro do partido. Nunes, no entanto, agradeceu o apoio recebido. “Agradecemos pela confiança”, disse ele, enquanto Portela, por meio de sua assessoria de imprensa, completou: “O PL em Alcinópolis segue firme nas pré-candidaturas majoritárias postas, como a de Mané Nunes e do pré-candidato a vice, Ney Pereira. Estamos com a chapa pura, porém abertos a conversas e reforçando nosso compromisso com muita determinação”.
A pré-candidatura de Mané Nunes estava incerta até então, após o PL, em nova diretriz, declarar uma aliança com o PSDB. No início da semana, diversos pré-candidatos a prefeito chegaram a ser informados que não teriam legenda para concorrer na eleição de outubro.
Essa nova diretriz foi imposta após a formação de uma aliança entre Jair Bolsonaro (PL) e os tucanos Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, o que resultou na substituição de Marcos Pollon por Tenente Portela na presidência estadual do partido. Agora, Portela é responsável por definir onde o partido terá candidaturas. A previsão é que o PL tenha, no máximo, 10 pré-candidatos em Mato Grosso do Sul, mas os números ainda estão sendo definidos.
Essa decisão tem desagradado lideranças dos diretórios formados por Pollon, especialmente porque não há tempo para que troquem de partido. Cerca de 40 nomes no Estado podem ficar fora da eleição.
E assim, com uma caneta que muitos consideram “sem tinta”, Portela enfrenta o desafio de manter a coesão e relevância do PL em um cenário político cada vez mais conturbado e contraditório.