Assim como Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, o atual prefeito de Rio Brilhante, Lucas Foroni (MDB), enfrenta uma forte rejeição por parte do eleitorado de direita e conservador. Apesar de buscar consolidar sua candidatura à reeleição, Foroni tem encontrado dificuldades para conquistar a confiança desse grupo, que segundo morador da cidade, o vê como um político de perfil “engomadinho” e com falta de pulso firme em pautas que considera essenciais
Ao longo de seu mandato, Foroni evitou se posicionar claramente sobre questões fundamentais para os eleitores bolsonaristas, que esperam uma postura mais rígida em defesa de princípios conservadores. Essa neutralidade política, muitas vezes interpretada como um alinhamento à esquerda, acabou afastando parte significativa dos votantes à direita.
Aliança controversa com o PL
Um dos pontos que mais incomodou os eleitores de direita foi a aliança entre o PL e o atual prefeito. Em uma reviravolta de última hora, o Partido Liberal acabou se alinhando com Lucas Foroni para a eleição. O acordo, fruto de negociações entre Valdemar da Costa Neto, líder nacional do PL, e Reinaldo Azambuja, ex-governador de Mato Grosso do Sul e figura influente no MDB, gerou desconforto entre pré-candidatos e líderes do partido na cidade.
Adriano Bugão, que havia se posicionado como uma opção mais alinhada à direita dentro do PL, renunciou à sua pré-candidatura como forma de protesto contra a aliança. Para ele, o partido havia se distanciado de suas raízes ideológicas ao apoiar Foroni, cujas posturas são vistas como ambíguas por muitos conservadores.
Histórico familiar e posição política
O histórico familiar de Lucas Foroni também é um fator que pesa em sua relação com o eleitorado de direita. Oriundo de uma família com raízes progressistas, com membros, incluindo pai e avô, conhecidos por suas inclinações à esquerda, Foroni sempre tentou equilibrar sua imagem. No entanto, para muitos eleitores, especialmente aqueles mais engajados nas pautas conservadoras, suas tentativas de se aproximar da direita soam pouco convincentes.
Durante sua primeira campanha para prefeito, Foroni utilizou o gesto “L”, associado ao então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, ele participou de reuniões que declaravam apoio à candidatura de Lula e chegou a fazer movimentos políticos que favoreciam partidos de esquerda, como o PSB, liderado por Geraldo Alckmin, vice na chapa de Lula.
O descontentamento de líderes conservadores
Com essas contradições em seu histórico, muitos líderes da direita local têm preferido se distanciar de Lucas Foroni. Nomes como Valci do Despachante, uma figura influente no segmento conservador de Rio Brilhante, mantêm suas campanhas de forma independente, sem associar suas imagens ao atual prefeito.
Além disso, o PL de Rio Brilhante sofreu perdas significativas com a saída de figuras-chave como Fernando Terrabuio e Zezinho da Agrocampo, responsáveis por estruturar a chapa do partido.
O desafio da reeleição
Diante de todas essas dificuldades, a campanha de reeleição de Lucas Foroni enfrenta um desafio monumental: reconquistar a confiança de um eleitorado que se sente traído e pouco representado. A rejeição, que inicialmente parecia limitada a um grupo específico, tem se ampliado à medida que o eleitorado observa o distanciamento de Foroni das pautas conservadoras.
Para os próximos dias, a campanha do atual prefeito terá que lidar com uma realidade que não pode ser ignorada. Caso seja reeleito, a expectativa é de que ele continue a manter uma postura mais centrista, sem abraçar totalmente as causas da direita. No entanto, resta saber se os eleitores de Rio Brilhante estarão dispostos a dar mais uma chance a um candidato que, para muitos, não demonstrou compromisso com os valores que consideram fundamentais.
Em um cenário político cada vez mais polarizado, Lucas Foroni terá que navegar com habilidade para equilibrar as pressões vindas de diferentes lados do espectro político, buscando conquistar votos em um campo minado por desconfiança e rejeição.
