O deputado federal Beto Pereira, atualmente candidato à prefeitura de Campo Grande, enfrenta um dilema em sua trajetória política. A reaproximação com o eleitorado conservador esbarra em um passado político marcado pelo apoio explícito à candidatura de Dilma Rousseff (PT) e à gestão do ex-presidente Lula. Esse histórico está ressurgindo com força, provocando um desgaste considerável em sua imagem e dificultando suas aspirações eleitorais
O passado petista de Beto Pereira
Em 2010, durante o segundo turno das eleições presidenciais, Beto Pereira, então prefeito de Terenos e presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), se posicionou firmemente ao lado da candidatura de Dilma Rousseff. Em eventos públicos, como uma reunião pró-Dilma realizada no Rádio Clube Cidade, em Campo Grande, Beto destacou os avanços promovidos pelo governo Lula e defendeu a continuidade desses projetos sob a gestão de Dilma.
Suas declarações em apoio à petista não passaram despercebidas dentro do PSDB, partido ao qual ele estava filiado na época. O então presidente regional do PSDB, Reinaldo Azambuja, abriu um processo no Conselho de Ética para investigar a infidelidade partidária de Beto. A possibilidade de expulsão era real, dado o alinhamento de Beto com o projeto petista, em contraste com a candidatura oficial tucana de José Serra à presidência.
Para evitar um desfecho desfavorável, Beto Pereira optou por deixar o PSDB antes que a expulsão fosse concretizada. Ele migrou para o PDT, um partido que, na época, mantinha alianças com o PT em âmbito nacional. Essa mudança de partido permitiu a Beto continuar apoiando Dilma Rousseff sem o risco de sanções internas, mas deixou cicatrizes em sua trajetória política.
O desgaste e a contradição atual
Agora, como candidato à prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira busca reconstruir sua imagem e conquistar o eleitorado conservador da cidade. No entanto, os mesmos eleitores que ele tenta conquistar estão cada vez mais cientes de seu histórico político. A aliança com o Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro, uma tentativa clara de se alinhar à direita, é vista com desconfiança por muitos.
As críticas ao governo Bolsonaro que Beto fez em tweets antigos e, principalmente, seu passado de apoio a Dilma e Lula, geram uma contradição difícil de explicar para o eleitorado conservador. Esses eleitores, que valorizam a coerência ideológica, veem em Beto um político que se adaptou conforme as circunstâncias, o que alimenta o desgaste em sua imagem.
O fato de Beto ter enfrentado um possível processo de expulsão do PSDB em 2010, justamente por apoiar o PT, se tornou um símbolo de sua transição ideológica ao longo dos anos. Essa manobra política, embora o tenha mantido ativo, deixou marcas que agora voltam a assombrar sua candidatura.
O futuro incerto
A campanha de Beto Pereira à prefeitura de Campo Grande será marcada por tentativas de reconstrução de sua imagem, mas o peso de seu passado e as contradições entre suas ações e seus discursos atuais podem ser decisivos. Para muitos eleitores, o apoio a Dilma e Lula, seguido por críticas a Bolsonaro, cria um abismo difícil de transpor.
Enquanto ele busca o apoio de lideranças nacionais e tenta mostrar uma nova face ao eleitorado, a desconfiança permanece. A imagem de Beto Pereira, antes alinhada com o PT e agora tentando se reposicionar à direita, torna sua candidatura uma incógnita. O desgaste causado por suas decisões do passado pode ser o maior obstáculo em sua busca pela prefeitura de Campo Grande.