A recente decisão da Justiça Eleitoral de São Paulo, que suspendeu os perfis em redes sociais do candidato conservador Pablo Marçal (PRTB), revelou mais do que uma batalha jurídica. A ação, movida pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), reflete um embate entre o campo conservador e o progressista, e suas ramificações vão além das fronteiras paulistas, ecoando na política de Mato Grosso do Sul
Marçal, conhecido por seu posicionamento conservador, vem sendo alvo de críticas e investigações que questionam o uso de estratégias de monetização em suas redes sociais para alavancar sua campanha. O PSB, partido de esquerda da candidata Tabata Amaral, foi o responsável pela denúncia que levou à suspensão temporária das contas de Marçal. Enquanto o candidato ironiza a decisão, chamando-a de tentativa de seus adversários de vencer “no tapetão”, a situação lança luz sobre as complexas alianças eleitorais que estão em jogo.
A ironia da situação se revela quando se observa o cenário político em Campo Grande, onde o PSB, partido que persegue Marçal judicialmente em São Paulo, está coligado com o PSDB de Beto Pereira para a disputa pela Prefeitura da capital sul-mato-grossense. O PSDB, partido historicamente de centro-esquerda, agora no estado busca angariar o eleitorado conservador com a aliança com o Partido Liberal do ex-presidente Jair Bosonaro.
Essa aliança, que deveria fortalecer a candidatura do tucano Beto Pereira, está, na verdade, criando fissuras no eleitorado conservador, que questiona a coerência da união entre partidos de espectros ideológicos opostos. Muitos eleitores de direita, que veem no PSB um adversário natural, não estão comprando a ideia de apoiar o PSDB em Campo Grande, migrando para alternativas mais alinhadas com seus valores, como a candidatura da atual prefeita Adriane Lopes (PP).
O impacto desse movimento pode ser decisivo nas eleições, enfraquecendo a base de apoio de Beto Pereira e colocando em xeque a viabilidade de sua candidatura. O que se desenha, portanto, é uma disputa acirrada, onde a busca por alianças eleitorais pode se tornar um tiro pela culatra, afastando eleitores conservadores em um estado onde a direita tem forte influência.
A perseguição a Pablo Marçal em São Paulo e a aliança entre PSB e PSDB em Campo Grande são exemplos de como a política pode se tornar um campo minado, onde decisões tomadas em um estado têm repercussões inesperadas em outro. E, no centro dessa tempestade, estão os eleitores, que observam atentos as movimentações dos partidos e aguardam o desenrolar dessa complexa trama eleitoral.
