Uma nota oficial publicada pelo perfil do PL Mulher no Instagram, em conjunto com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, tem gerado turbulência dentro do Partido Liberal (PL) em Mato Grosso do Sul
O comunicado anunciou a abertura de um canal de denúncias para que os eleitores possam relatar coligações e alianças formadas pelo PL com partidos de esquerda nas eleições de 2024. Essa iniciativa visa fiscalizar as alianças municipais e garantir que o partido mantenha sua postura ideológica, alinhada aos valores conservadores defendidos pelo grupo.
A abertura desse canal de denúncias gerou questionamentos entre apoiadores e candidatos do PL em Mato Grosso do Sul, especialmente após o partido ter decidido apoiar Beto Pereira (PSDB) para a prefeitura de Campo Grande. O PSDB, que faz parte da Federação PSDB Cidadania, tem histórico de aproximações com partidos de esquerda, o que causa desconforto entre os eleitores mais conservadores do PL.
Vale lembrar que o Cidadania, atual nome do partido, nasceu como Partido Popular Socialista (PPS), uma sigla criada por lideranças do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1992. A relação histórica do PSDB com a esquerda também é evidenciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se declara de esquerda, e por Aloysio Nunes, ex-candidato a vice-presidência pelo PSDB em 2014, que afirmou em entrevista que o PSDB é mais de esquerda que o PT.
Além do PSDB, outro partido de esquerda que deverá compor chapa com o PL em Campo Grande é o PSB (Partido Socialista Brasileiro), intensificando as preocupações dentro do PL.
Procurados pelo Fato67, tanto a presidente estadual do PL Mulher, Mariana Amaral, quanto Ana Portela, presidente municipal do PL Mulher de Campo Grande, não retornaram para comentar como a nota e o canal de denúncias poderiam impactar essas alianças locais. O presidente estadual da sigla, Tenente Portela, também foi contatado, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta.
Na nota oficial, a Presidente Nacional do PL Mulher reiterou a proibição de coligações com partidos de esquerda, afirmando que a medida é fundamental para evitar que o Brasil siga um caminho semelhante ao da Venezuela, que atualmente vive sob um regime ditatorial. O canal de denúncias estará aberto até o dia 15 de agosto e receberá relatos que serão analisados pela estrutura partidária responsável.
A situação coloca em xeque o futuro das alianças do PL em Mato Grosso do Sul, especialmente em Campo Grande, onde o partido está se alinhando com o PSDB, levantando dúvidas sobre a manutenção desses acordos diante da fiscalização rigorosa promovida pelo canal de denúncias.