O Partido dos Trabalhadores (PT) de Campo Grande se reuniu nesta segunda-feira (7) para avaliar os resultados das eleições municipais, especialmente na capital, onde o partido conquistou três cadeiras na Câmara de Vereadores. Apesar da sinalização de uma postura de neutralidade no segundo turno, o cenário aponta que a militância petista e seus apoiadores tendem a seguir com Rose Modesto (União) devido à incompatibilidade com o projeto de direita representado por Adriane Lopes (PP), apoiada pela ministra Tereza Cristina
Camila Jara, candidata do PT à prefeitura, obteve 9,43% dos votos no primeiro turno, e agora o partido aguarda uma conversa com Rose Modesto antes de tomar uma decisão oficial. A vereadora reeleita Luiza Ribeiro destacou que qualquer possível aliança dependerá da inclusão de pautas defendidas por Camila Jara, especialmente as que tiveram maior adesão popular.
“Precisamos ver quais propostas Rose está disposta a incorporar. Se houver abertura para nossas pautas, podemos considerar um apoio, mas isso será decidido coletivamente,” afirmou Luiza, ressaltando que o diretório será convocado para definir os rumos do partido nos próximos dias.
Dificuldades em apoiar Adriane Lopes
Apoiar a reeleição de Adriane Lopes parece ser uma barreira intransponível para o PT. Além da rejeição ao atual governo municipal, a proximidade de Adriane com figuras da direita, como Tereza Cristina e Jair Bolsonaro, afasta ainda mais os petistas. Para Luiza Ribeiro, o desejo de mudança nas urnas foi claro, uma vez que 68,33% dos eleitores não votaram na atual prefeita.
“A população quer renovação. Adriane representa a continuidade de uma gestão que não corresponde a esse desejo. Rose tem mais chances de simbolizar essa mudança,” disse Luiza.
Outro fator que complica a possibilidade de apoio a Adriane é sua relação com o bolsonarismo. Mesmo que a candidata não tenha buscado abertamente o apoio de Bolsonaro neste segundo turno, sua proximidade com a direita conservadora, defendida por figuras como Tereza Cristina, dificulta ainda mais qualquer diálogo com o PT.
“Bolsonaro já foi derrotado ao apoiar Beto Pereira no primeiro turno. Não acredito que esse tipo de apoio vá ajudar alguém agora,” completou Luiza.
Militância petista com Rose
Mesmo com o partido em posição de neutralidade, a tendência é que a militância petista e seus apoiadores se mobilizem em favor de Rose Modesto. O afastamento de Adriane Lopes, em função do alinhamento com o campo conservador, deve empurrar boa parte da base petista para o lado de Rose, que é vista como mais alinhada aos ideais progressistas.
Luiza Ribeiro reconhece que, embora Rose tenha um eleitorado mais conservador, a afinidade com o projeto de renovação e a inclusão de pautas defendidas por Camila Jara podem facilitar a adesão de petistas.
“Rose tem seu público conservador, mas é importante lembrar que os votos de Camila e os três vereadores eleitos do PT representam uma parcela significativa do eleitorado. Se houver essa abertura para nossas propostas, a militância tende a caminhar com ela,” explicou.
Comissão e decisão até quinta-feira
O presidente municipal do PT, Agamenon do Prado, informou que uma comissão formada por ele, o deputado estadual Pedro Kemp, a deputada federal Camila Jara e o deputado federal Vander Loubet foi criada para analisar o cenário e definir o posicionamento do partido. A decisão oficial será anunciada até a próxima quinta-feira (10), após a conclusão das conversas com Rose Modesto.
Embora o partido aguarde as negociações para definir uma posição formal, o clima entre os militantes e lideranças já aponta um caminho claro: a incompatibilidade com o projeto de direita de Adriane Lopes e o desejo de renovação farão com que grande parte da base petista siga ao lado de Rose Modesto, fortalecendo sua candidatura no segundo turno.