Mesmo com a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) ocupando a penúltima posição no ranking nacional de desempenho, o novo presidente da entidade receberá um dos salários mais altos do Brasil no setor: R$ 215 mil por mês. Eleito nesta terça-feira (7), Estevão Petrallas venceu a disputa com 48 votos e comandará o futebol estadual até 2027 — um dos piores do país.
Seis nomes concorreram à presidência da entidade, mas a disputa girou mais em torno de articulações de bastidores do que de planos para tirar o futebol do Estado do fundo do poço.
Petrallas, que já estava como presidente interino após a saída de Francisco Cesário de Oliveira — destituído após 28 anos no poder e uma operação do Gaeco que apura corrupção — agora assume oficialmente o cargo. O novo dirigente, no entanto limitou-se a dizer que vai investir em categorias de base e reavaliar a Diretoria de Competições.
“Querendo ou não, estou ali para tocar o futebol no Estado e tirar, quem sabe, da 26ª colocação que nós estamos, uma situação vergonhosa”, declarou após ser eleito.
Apesar da fragilidade do futebol estadual, que há anos não revela jogadores de destaque e vê campeonatos esvaziados e sem cobertura, o salário de R$ 215 mil mensais do presidente da federação, revelado pela Revista Piauí, é um contraste gritante.
Grande parte dos votos que garantiram a vitória de Petrallas veio de ligas amadoras, que pesaram mais que clubes da elite. Enquanto ele teve apenas 12 votos da Série A e 18 da Série B, os 18 votos vindos do futebol amador foram decisivos. O principal adversário, André Baird, ex-presidente do Costa Rica, ficou com 39 votos — sendo maioria entre os clubes da primeira divisão.
Em um cenário onde clubes locais enfrentam dificuldades até para manter categorias de base e pagar salários, a manutenção de uma estrutura tão cara na cúpula da FFMS causa indignação. A falta de uma agenda clara, metas ou qualquer plano emergencial para mudar o cenário do futebol estadual escancarou o abismo entre a elite do comando e a realidade dos gramados sul-mato-grossenses.
Petrallas prometeu buscar apoio na CBF e disse estar comprometido com todos os grupos, inclusive os que votaram contra ele. “O compromisso está feito. A federação começa agora com legitimidade e de forma muito mais tranquila”, disse, em tom conciliador.
No entanto, o futebol do Estado segue sem calendário competitivo atrativo, sem estrutura para formação de atletas e com estádios abandonados.
A gestão recém-iniciada de Petrallas terá a missão de justificar um salário alto diante de uma federação quase irrelevante no cenário brasileiro.