Reportagem exclusiva do site TopMidia News revela como clubes amadores recém-filiados decidiram eleição marcada por bastidores e pouca transparência
Uma eleição que prometia renovação no futebol sul-mato-grossense terminou com um escândalo que reacende velhas dúvidas sobre os bastidores da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). No último dia 8 de abril, o presidente interino Estevão Petrallas foi oficialmente eleito para o cargo. Mas a vitória veio acompanhada de uma suspeita: votos de clubes recém-filiados, com peso decisivo na contagem final, podem ter sido “criados” exclusivamente para garantir o resultado.
A denúncia, revelada em reportagem exclusiva do site TopMídia News, escancara a fragilidade do processo eleitoral da FFMS, que passou a ser comandada interinamente por Petrallas após o afastamento de Francisco Cezário, investigado por corrupção.
Segundo a apuração, ao menos nove votos de clubes amadores, todos com peso 1, surgiram de forma surpreendente na lista de filiados aptos a votar – divulgada apenas uma semana antes do pleito. Entre eles estão nomes até então desconhecidos no cenário esportivo local, como Instituto Bola de Ouro, Clube Atlético de MS, Associação Atlética Pelezinho, Redenção FC e Atlético Santista.
Pelo estatuto da Federação, só clubes em situação regular há pelo menos 60 dias antes da eleição podem participar. Com a lista publicada em cima da hora, não houve tempo hábil para que a comissão eleitoral realizasse uma auditoria detalhada. Resultado: clubes tradicionais como Misto (Três Lagoas), Taveirópolis (Campo Grande) e 7 de Setembro (Dourados) ficaram de fora por inadimplência, enquanto novatos conseguiram aval em tempo recorde.
Eleição por aritmética, não por mérito
O colégio eleitoral da FFMS é formado por votos com pesos distintos:
• Série A (peso 3)
• Série B (peso 2)
• Amador (peso 1)
Na prática, vencer no futebol de base é mais barato – e aparentemente mais estratégico. Petrallas perdeu na Série A (18 votos a 12), venceu apertado na Série B (18 a 16) e disparou no amador: 18 a 5. A diferença final foi de 48 a 39 pontos — exatamente o que os novos votos ajudaram a construir.
“É uma distorção”, denuncia um dirigente da Série A, sob anonimato. “Criaram votos fantasmas para inflar a base de apoio. O amador virou moeda de troca.”
A crítica é ecoada por Giovanni Marques, presidente do Operário de Caarapó:
“Criar votos de peso 1 às vésperas do pleito não é democracia, é jogo de cartas marcadas. Espero que o novo presidente tenha consciência do erro e faça algo que nunca fizeram: respeitar quem está dentro de campo.”
Política 1 x Futebol 0
João Luiz Ribeiro, o Kiko, presidente do Corumbaense, também não poupou:
“A FFMS parece seguir o mesmo roteiro: politicagem e pouco futebol. Usar clubes amadores como massa de manobra mostra que o foco não é o esporte, é o poder. Vamos cobrar.”
Para muitos, a eleição é apenas a ponta do iceberg. A ascensão de Petrallas, apadrinhado por bastidores, repete o velho padrão da federação: controle político disfarçado de gestão esportiva. O futebol de Mato Grosso do Sul, que já conviveu com estádios esvaziados, calendários irregulares e clubes endividados, agora encara mais uma derrota fora das quatro linhas.
Enquanto isso, o ex-presidente Francisco Cezário, afastado em 2023 após operação do Gaeco, ainda tenta na Justiça anular a assembleia que o tirou do cargo. Se conseguir, o jogo pode ter prorrogação.
A FFMS foi procurada pela reportagem por meio do telefone institucional, mas não respondeu até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação oficial.
Veja os documentos que comprovam as novas filiações e entenda como o amadorismo virou o voto de Minerva no futebol sul-mato-grossense.

