O acordo histórico de R$ 146 milhões, firmado para pôr fim ao conflito fundiário na área indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS), foi anunciado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) em coletiva na sexta-feira (26).
A negociação, que envolveu o pagamento de R$ 16 milhões feito pelo governo estadual, quw aconteceu após uma reunião de sete horas no STF, marcada por tensões e sentimentos de mágoa entre produtores rurais e indígenas.
O presidente da Famasul, Marcelo Betoni, destacou a importância de superar o passado, reconhecendo o sofrimento de ambos os lados ao longo de 30 anos.
Betoni agradeceu à fazendeira Roseli Ruiz, que permaneceu na terra, assegurando que as negociações pudessem acontecer. Ele também elogiou a atitude dos indígenas, que, segundo ele, foram cordiais durante o processo.
O prefeito de Antônio João, Marcelo Pé (PSDB), reforçou que, embora a situação tenha sido tensa, o clima agora é de pacificação. A procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia, enfatizou que a negociação foi longa, mas pacífica, com todos os envolvidos buscando uma conciliação.
Fernando Souza, da subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários, elogiou o compromisso do governo de MS, que aceitou contribuir financeiramente para o acordo.
O governador Riedel destacou a singularidade da solução, que envolve o pagamento tanto por benfeitorias quanto por terra nua. No entanto, ele alertou que a solução definitiva deve passar pelo Congresso Nacional.
O município de Antônio João, situado na fronteira com o Paraguai, foi palco de intensos conflitos que resultaram na morte de quatro indígenas nas últimas quatro décadas. O caso mais recente foi o assassinato de Neri Ramos da Silva, em setembro de 2023, durante uma ação da Polícia Militar.