Leinha evita citar Adriane Lopes em primeiro discurso como vereador e destaca gratidão a Marquinhos Trad
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Em seu primeiro discurso na tribuna da Câmara Municipal, o vereador Wilton Celeste Candelório, o Leinha (Avante), destacou sua gratidão ao ex-prefeito e atual vereador Marquinhos Trad (PDT), deixando de mencionar a prefeita Adriane Lopes (PP), com quem manteve uma relação profissional em cargos de confiança na administração municipal.
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Leinha abriu seu pronunciamento reforçando o valor que dá à gratidão. “Além de agradecer à minha família, também sou grato às pessoas que me deram oportunidade de estar aqui. A primeira delas que quero agradecer, não poderia deixar de passar, é o ex-prefeito Marquinhos Trad, porque se hoje eu fiz parte da gestão foi ele quem me deu essa oportunidade. E, se tem algo que eu carrego comigo, é o sentimento de gratidão”, declarou.
Apesar de mencionar a gestão atual de forma genérica, o vereador preferiu não citar diretamente Adriane Lopes. A postura chamou a atenção, especialmente por ele ter sido nomeado secretário municipal da Juventude em sua administração e, posteriormente, ocupado cargos estratégicos no Gabinete da Prefeita.
Trajetória marcada por nomeações
Leinha teve uma trajetória profissional marcada por mudanças frequentes dentro da gestão de Adriane Lopes. Ele foi exonerado da Secretaria Municipal da Juventude em abril de 2023, assumiu, logo em seguida, o cargo de Assessor Executivo I no Gabinete da Prefeita e foi novamente exonerado em julho, a pedido. Em setembro do mesmo ano, foi nomeado como coordenador do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do Jardim Los Angeles, totalizando quatro nomeações em um intervalo de um ano.
O distanciamento de Adriane Lopes ficou mais evidente com sua decisão de apoiar o vereador Papy (PSDB) para a presidência da Câmara Municipal, em detrimento de Beto Avelar (PSD), o candidato preferido da base aliada da prefeita. O episódio expôs rachaduras no grupo político que deu sustentação à reeleição de Adriane Lopes.
“Traição” na base aliada
A adesão de Leinha e de seu colega de bancada, Wilson Lands (Avante), à candidatura de Papy gerou repercussões na política local. O veículo Fato67 publicou em 30 de dezembro que os vereadores eleitos pelo Avante teriam “traído” a prefeita Adriane Lopes, inviabilizando a candidatura de Beto Avelar à presidência da Câmara.
Em resposta, Leinha rejeitou a acusação de traição, reafirmando seu compromisso com a gestão e com a população de Campo Grande. “É traição que eu não carrego comigo. Desde o primeiro momento, falei com o Papy e não titubeei, não quis pensar e assinei [a lista de apoio à candidatura de Papy]. Jamais votaria contra a gestão, jamais trairia a população de Campo Grande”, garantiu.
Impacto político
A ausência de menções diretas à prefeita Adriane Lopes em seu discurso, aliada ao apoio a Papy, reforça os sinais de uma relação fragilizada entre Leinha e a liderança da administração municipal. Para analistas, o gesto de gratidão a Marquinhos Trad, nome de peso na oposição, também pode ser interpretado como um reposicionamento político do vereador, em busca de autonomia dentro do Legislativo.