O discurso contra a “mamata” do vereador Rafael Tavares (PL) parece valer apenas para os outros. Isso porque seu chefe de gabinete, Danilo Assis Azambuja, segue recebendo verba pública através do site MS Conservador. Curiosamente, a mesma prática que a equipe do vereador tanto critica quando se trata de adversários políticos.
Insira a URL do post do Instagram.
O site começou a receber publicidade institucional justamente quando Tavares assumiu o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Um detalhe que o deputado e seu assessor nunca conseguiram explicar direito. Coincidência? Talvez. Mas o que chama atenção é que, no mesmo período, Danilo Azambuja também exercia o cargo de chefe de gabinete de Tavares. E, segundo as regras da Assembleia Legislativa, servidores da Casa não podem ser proprietários majoritários de empresas que prestam serviços ao órgão. Pois bem, Azambuja era o dono do CNPJ responsável pelo MS Conservador.
Até o momento, a Assembleia Legislativa não esclareceu se há alguma investigação sobre o caso e quais penalidades poderiam ser aplicadas caso a irregularidade seja confirmada. Mas a preocupação com a transparência, aparentemente, não é uma prioridade do parlamentar.
Agora, em 2025, Rafael Tavares assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Campo Grande, sendo o segundo mais votado da cidade, apesar do histórico repleto de polêmicas. Durante seu mandato como deputado, seu gabinete foi alvo de críticas por conta do recebimento de verba publicitária por meio do CNPJ de seu assessor e da contratação de um escritório de advocacia vinculado a um de seus funcionários nomeados. Mas nada disso parece ter abalado sua reputação entre parte do eleitorado conservador, que ainda o enxerga como uma referência política.
E como estão as coisas na Câmara? Bom, pelo visto, o modus operandi continua o mesmo. Apuração da nossa equipe revelou que o site MS Conservador segue nas mãos de Danilo Azambuja. Oficialmente, ele não aparece mais como proprietário no cadastro da Receita Federal, mas o contato vinculado ao domínio ainda utiliza um e-mail com seu nome. E, adivinhe: o site segue recebendo campanhas publicitárias institucionais.
A publicidade mais recente? Uma campanha da Prefeitura Municipal de Campo Grande. Sim, a mesma prefeitura que Tavares atacava quando ainda era pré-candidato a prefeito pelo PL. O mesmo órgão que sofreu com as fake news divulgadas pelo vereador, como aquela do Carnaval, em que ele compartilhou um vídeo de uma confusão generalizada em 2020 tentando fazer parecer que era uma cena atual. Agora, a administração municipal, que foi alvo de suas críticas, patrocina um site ligado ao seu gabinete.
No fim das contas, parece que o combate à “mamata” tem regras diferentes dependendo de quem está envolvido. Para alguns, é apenas uma retórica de campanha; para outros, um negócio bem lucrativo.
