A tentativa do ex-vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), de escapar da prisão falhou mais uma vez. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul negou o pedido de habeas corpus do ex-parlamentar, que seguirá detido em regime fechado, após ser preso na 4ª fase da Operação Tromper. Nos corredores da política sul-mato-grossense, o apelido “Claudinho Cela” já circula como piada amarga sobre a situação do ex-legislador, que enfrenta acusações pesadas de corrupção, fraude em licitações e liderança de organização criminosa.
A decisão de mantê-lo atrás das grades foi proferida pelo desembargador José Ale Ahmad Netto, que indeferiu o pedido feito por sua defesa. O magistrado entendeu que há elementos suficientes para justificar a prisão preventiva, considerando o risco de continuidade das práticas criminosas mesmo após as fases anteriores da investigação.
Prisão e reincidência
Claudinho Serra foi detido no dia 5 de junho, pela segunda vez, como parte do desdobramento mais recente da Operação Tromper. Segundo o Ministério Público Estadual (MPMS), o esquema de corrupção envolvendo licitações fraudulentas com a Prefeitura de Sidrolândia seguia funcionando mesmo após medidas cautelares impostas anteriormente. A investigação aponta que agentes públicos recebiam altas quantias em propina para direcionar contratos milionários a empresas do setor de engenharia e pavimentação asfáltica.
Além de Claudinho, outros três mandados de prisão e 29 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O ex-vereador já havia sido preso em abril de 2024, durante a terceira fase da mesma operação, e foi apontado como um dos líderes da organização criminosa.
Mandato relâmpago e conexões políticas
A breve trajetória de Claudinho na Câmara Municipal de Campo Grande beira o tragicômico. Eleito suplente em 2020, só tomou posse em maio de 2023, ao assumir a vaga deixada por João Rocha (PSDB), nomeado secretário de Governo. Ficou fora por quase todo o mandato e retornou em março de 2024, após a renúncia de Ademir Santana. Pouco mais de um mês depois, estava atrás das grades.
Claudinho é genro da ex-prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo (PSDB), derrotada nas últimas eleições por Rodrigo Basso. A ligação familiar com a administração investigada só aumentou a tensão em torno do escândalo. Mesmo afastado das sessões desde abril, ele seguia como vereador oficialmente, usando uma sequência de atestados médicos para justificar a ausência.
Histórico da Operação Tromper
A Operação Tromper teve início em maio de 2023, com a primeira fase focada em servidores municipais envolvidos em esquemas de peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações e sonegação fiscal. Já na segunda fase, em julho daquele ano, foram presos empresários e servidores ligados ao setor de licitações da Prefeitura de Sidrolândia.
Na terceira fase, em abril de 2024, Claudinho Serra foi preso pela primeira vez. À época, o MPMS revelou contratos sob investigação que somavam cerca de R$ 15 milhões. Policiais chegaram a cumprir mandados na residência de Claudinho, localizada no luxuoso condomínio Damha III, em Campo Grande.
A quarta fase, deflagrada no início deste mês, confirmou a persistência do esquema e culminou na nova prisão do ex-parlamentar.