Associação Nacional dos Procuradores da República voltou a sair em defesa da lista tríplice do MPF, que deve ser ignorada pelo presidente
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) se pronunciou a respeito da mais recente declaração de Lula (PT, foto) sobre fazer sua indicação para a Procuradoria-Geral da República (PGR) sozinho, ignorando a lista tríplice do Ministério Público Federal (MPF). Ontem, em entrevista ao Brasil 247, o presidente afirmou:
“A única coisa que tenho certeza é que eu não vou escolher mais lista tríplice. E o Ministério Público Federal tem que saber que eu não vou escolher por irresponsabilidade da força tarefa do Paraná que foi moleque, que prejudicou a imagem do Ministério Público Federal, que quase destruiu a imagem da seriedade do Ministério Público, banco de moleque responsável. Eles jogaram fora uma coisa que só eu tinha feito, escolher a lista tríplice.”
Em nota, a ANPR destaca que a lista tríplice é adotada em todos os outros Ministérios Públicos, e o processo de escolha permite ao país conhecer melhor os postulantes ao cargo. “Os candidatos são devidamente escrutinados não apenas pela carreira, mas também pela imprensa e pela sociedade, podendo ser identificados suas qualidades e aptidões ao cargo”, acrescenta.
“Ao tratar a definição do PGR como uma escolha pessoal, o presidente da República abre mão da transparência necessária ao processo e se desvincula da preocupação com a autonomia da instituição e com a independência do PGR”, prossegue a associação.
No comunicado, a ANPR também critica o revanchismo de Lula.
“É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras. Da mesma forma, a generalização sobre o papel do MPF, como se este pudesse ser resumido à Operação Lava Jato, despreza a importância histórica da instituição em diversas outras atuações e na defesa de direitos, sobretudo nos campos socioambiental e da cidadania”,
diz.