O apoio de Jair Bolsonaro (PL) a Beto Pereira (PSDB) na disputa pela prefeitura de Campo Grande tinha um objetivo claro: trazer prefeitos tucanos de Mato Grosso do Sul para o Partido Liberal e consolidar a legenda no estado. Costurado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB no estado, e o senador Rogério Marinho (PL), senador do Rio Grande do Norte que conseguiu interferir na política de u mestado do Centro-Oeste. O belíssimo acordo incluía, como bônus, o apoio ao projeto de anistia dos presos do dia 8 de janeiro. Tudo parecia bem amarrado no papel. O problema? A realidade não combinou com o roteiro
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Passados mais de dois meses das eleições municipais, o candidato do PSDB sequer chegou ao segundo turno em Campo Grande, deixando Bolsonaro com um cheque sem fundos e os conservadores sul-mato-grossenses, mais uma vez, com a conta para pagar. O saldo? Um grupo tucano fortalecido, pronto para parasitar a direita local, e o ex-presidente em situação nada confortável — à beira de uma prisão que, desta vez, nem os milhões em Pix podem evitar.
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A militância bolsonarista, que comprou a narrativa de união com o PSDB como um “projeto maior”, hoje vê a ressaca bater forte. Enquanto Bolsonaro e sua família seguem desfrutando de uma vida de marajás, os presos do 8 de janeiro continuam encarcerados. A anistia prometida evaporou no ar, junto com o protagonismo da direita em Mato Grosso do Sul, agora refém de caciques políticos fantasiados de conservadores.
Com o núcleo bolsonarista órfão e cansado de apostas furadas, há uma reorganização em curso. Partidos como o Novo e o PRTB surgem como opções viáveis para abrigar as lideranças e a militância de direita no estado. Esse movimento, aliás, não é só simbólico: ele pode custar caro à reeleição do governador Eduardo Riedel (PSDB) em 2026, que já começa a enxergar o racha dentro da base de direita como uma ameaça real.
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Outro protagonista nesse cenário é o partido Missão, prestes a ser homologado pela Justiça Eleitoral. Liderado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), a nova agremiação vem com discurso afinado para atrair conservadores decepcionados e órfãos do bolsonarismo raiz. Em tempos de alianças pragmáticas que soam mais como traições, a direita de Mato Grosso do Sul pode estar prestes a encontrar uma nova casa.
No fim das contas, o casamento entre Bolsonaro e Beto Pereira não passou de um acordo desastroso que só serviu para turbinar os tucanos de Reinaldo Azambuja. Enquanto isso, a direita de verdade, aquela que acreditava em um projeto ideológico, segue procurando um rumo — de preferência, longe dos parasitas que prometem “união” para depois morderem o poder.