Deputado federal pelo PP avalia que o novo arranjo com o União Brasil exige maturidade, diálogo interno e superação de atritos em Mato Grosso do Sul: “O partido não pode criticar a própria casa”.
O deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP) classificou como estratégica a federação nacional entre Progressistas e União Brasil, oficializada nesta terça-feira (29) em Brasília. Batizada de União Progressista, a aliança já aprovada pelo TSE mira fortalecer a centro-direita nas eleições de 2026 e, segundo Ovando, funcionará como “uma bússola” para a política nacional.
“O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, disse que essa federação será uma espécie de bússola da política brasileira, guiando os partidos em direção aos reais interesses nacionais”, afirmou o parlamentar em entrevista exclusiva.
Para Ovando, a união entre os dois partidos é semelhante a um casamento político. “Um partido sozinho consegue fazer muita coisa, mas dois partidos unidos conseguem fazer muito mais. Essa aliança fortalece o projeto de centro-direita no Brasil.”
Limitação de candidaturas e impactos em MS
Apesar de reconhecer os benefícios, o deputado apontou desafios práticos, especialmente em Mato Grosso do Sul, onde a federação poderá lançar apenas nove candidatos a deputado federal. Isso tende a gerar disputas internas acirradas, além de pressão sobre lideranças regionais.
“Alguns quadros com densidade eleitoral podem inviabilizar a entrada de outros, o que pode gerar disputas internas ou até migração para outras siglas. Mas também não adianta inflar chapa com nomes sem base. Você coloca o partido em risco ao não eleger quem realmente tem potencial”, avaliou.
Embate Rose x Adriane: “União não pode criticar a própria casa”
Um dos pontos mais delicados abordados na entrevista foi o clima político tenso entre a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil), que disputou a prefeitura de Campo Grande em 2024, e a prefeita reeleita Adriane Lopes (PP).
Após a derrota nas urnas, Rose e aliados de seu grupo político seguiram atacando a gestão municipal, o que acirrou a divisão entre os dois partidos – que agora integram a mesma federação.
Segundo Ovando, a partir do momento em que União Brasil e PP compartilham uma estrutura política comum, o discurso precisa mudar.
“Isso aí vai passar obrigatoriamente pela liderança do União. É bem verdade que daqui pra frente o União não vai poder assumir uma posição crítica contra a própria casa. Então vai ter que assumir uma posição crítica limitada, dentro do contexto. Daí a importância da federação: pra você poder conversar, estabelecer e aparar as arestas e sair com solução.”
O deputado defende que as lideranças assumam a responsabilidade pela pacificação do grupo. “Se continuar nessa briga, vai ser uma coisa estranha, porque dificilmente o partido terá força e será presa fácil de interesses de outros partidos que estiverem mais organizados e mais fechados nos seus propósitos”, alertou.
E há chance de fusão?
Sobre a possibilidade de uma fusão partidária no futuro, Ovando não descartou, mas ponderou que o cenário atual não aponta para isso.
“Nada é impossível. Mas hoje, a fusão só costuma acontecer quando os partidos não atingem a cláusula de barreira, o que não é o caso do PP nem do União. Ainda assim, é algo que pode ser avaliado no futuro.”