Declaração de Riedel no Roda Viva causa desconforto entre aliados do PL
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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), gerou polêmica durante sua participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (17). Questionado sobre seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022, Riedel declarou: “Eu apoiei o presidente Bolsonaro na eleição dele em 22. Ele que não me apoiou na minha, viu, em 22.”
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A frase repercutiu negativamente entre apoiadores da direita e causou mal-estar na cúpula nacional do PL, partido que tem buscado uma aproximação com os tucanos no estado. O governador também comentou sobre os atos de 8 de janeiro, defendendo que aqueles que depredaram patrimônio público devem ser punidos, assim como os que pregaram a ruptura institucional. Questionado sobre a possibilidade de anistia a Bolsonaro, Riedel afirmou que é preciso respeitar as decisões judiciais para manter a credibilidade das instituições. “Se for julgado e decidido, tem que ser respeitado, senão a gente não tem credibilidade nas instituições”, declarou.
A posição do governador contrasta com os planos de aproximação entre PSDB e PL em Mato Grosso do Sul. Em 2024, as duas siglas firmaram uma parceria política, resultando no apoio do PL à candidatura tucana de Beto Pereira à prefeitura de Campo Grande, incluindo a indicação do vice na chapa. O mesmo ocorreu em Dourados, com Marçal Filho, e em outras cidades do interior. Os acordos envolviam, ainda, a migração de lideranças tucanas para o PL, fortalecendo a base bolsonarista para as eleições de 2026.
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No entanto, a declaração de Riedel gerou questionamentos sobre o futuro dessa construção política. Em entrevista exclusiva ao jornalista Roger Usai, do Fato67, o presidente estadual do PL-MS, Tenente Aparecido Portela, afirmou que a decisão sobre a relação com o PSDB será tomada pela executiva nacional do partido, sob comando de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto.
“Eu tenho bom relacionamento com o governador (Riedel), que tem cumprido o que foi acordado”, disse Portela. Questionado sobre a repercussão das declarações de Riedel no Roda Viva e o futuro da aliança com o PSDB, o líder do PL no estado foi categórico: “Eu só cumpro as ordens do presidente Bolsonaro”.
Com a aproximação das eleições de 2026, a relação entre PSDB e PL em Mato Grosso do Sul segue incerta. As próximas movimentações políticas indicarão se as alianças firmadas em 2024 resistirão às diferenças de discurso entre os líderes das duas siglas.