Nesta quarta-feira (7), o militante comunista Jones Manoel cumpre agenda em duas universidades públicas de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O influenciador de esquerda, conhecido nacionalmente por defender abertamente a ditadura revolucionária, a pena de morte para opositores do socialismo e o “ódio de classe”, participa de palestras organizadas na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

No período da tarde, às 17h, Jones participa de uma atividade na Concha Acústica da UFMS, organizada pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) de Campo Grande. De acordo com o material divulgado nas redes sociais do militante, a atividade inclui uma fala sobre juventude e trabalho, seguida de debate com os presentes e a comercialização de jornais e brochuras ideológicas.
Mais tarde, às 19h, ele é o palestrante do “VIII Encontro em Análise do Discurso: Discursividade sobre Ideologia e Luta de Classes”, promovido pela UEMS por meio dos grupos de pesquisa NUPEQ e NEAD. A recepção foi anunciada publicamente pelo vereador Jean Ferreira (PT), que postou uma foto ao lado de Jones e escreveu: “Recepcionando nosso palestrante de luta @jones.manoel para o evento”.

Declarações polêmicas reacendem debate sobre limites do discurso nas universidades
Jones Manoel ganhou notoriedade nacional por declarações controversas. Em vídeos amplamente divulgados, o militante afirma que, embora “em princípio” seja contra a pena de morte, a defende em processos revolucionários “para crimes contrarrevolucionários” financiados por organizações estrangeiras. Em 2021, em palestra no Ceará, declarou: “Tem que acordar todo dia querendo esfolar o patrão” e incitou violência simbólica contra ministros do STF, citando nominalmente o ministro Luiz Fux.
Em outro momento, afirmou que “política não é diálogo, nunca foi”, relativizando o papel da democracia e exaltando regimes autoritários como o de Fidel Castro, a quem chamou de “profundamente humanista”.
As declarações do militante comunista provocam reações contrárias de setores da sociedade civil e reacendem o debate sobre os limites da liberdade de expressão dentro de instituições públicas de ensino. A utilização de espaços mantidos por recursos públicos para promover discursos que pregam abertamente o conflito, a violência e a intolerância política gera questionamentos sobre a responsabilidade das universidades diante de suas comunidades acadêmicas e da sociedade em geral.
Associação com vereador do PT reforça o viés ideológico do evento
A aproximação entre o vereador petista Jean Ferreira e o militante comunista evidencia o alinhamento político entre setores da esquerda institucional e movimentos que defendem ideologias radicais. Embora a presença de Jones Manoel não represente necessariamente a posição oficial das universidades, o uso de suas estruturas físicas, como a Concha Acústica da UFMS e o auditório da UEMS, confere ao evento uma aparência de legitimidade institucional.
Até o fechamento desta reportagem, a UEMS e a UFMS não haviam se manifestado sobre os critérios para o uso dos espaços nem sobre a natureza do conteúdo ideológico veiculado nos encontros.