O advogado Luiz Gustavo Loureiro de Almeida Alves, ex-assessor do ex-deputado estadual Rafael Tavares, foi recentemente nomeado para um cargo na Secretaria de Estado de Educação (SED) de Mato Grosso do Sul, gerando debates sobre a natureza de sua nomeação. Segundo dados públicos, Luiz Gustavo recebe um salário bruto de R$5.557,90 pela função que exerce.
Em resposta à reportagem do Fato67, Luiz Gustavo afirmou que sua nomeação se deu “pelo currículo e pela função que exerço, e não por acordos políticos”. No entanto, sua proximidade com Rafael Tavares, que anteriormente se posicionava contra o uso de recursos públicos de forma que poderia ser interpretada como privilegiada, levantou questionamentos entre eleitores e críticos.
A relação entre Tavares e o PSDB
Rafael Tavares, conhecido por sua postura crítica ao PSDB durante seu mandato, tem enfrentado uma série de desconfianças de sua base eleitoral, especialmente após a revelação de que Luiz Gustavo foi nomeado em uma gestão do partido que ele combatia. Essa nomeação, aliada ao silêncio de Tavares sobre o apoio de seu partido, o PL, à candidatura de Beto Pereira (PSDB), criou uma situação delicada.
Fontes próximas ao PL revelaram que houve um entendimento entre Tavares e a cúpula do PSDB, o que levou à desistência de um processo judicial contra o ex-deputado. Após uma reunião com lideranças tucanas, Tavares teria “apaziguado a situação”. Essa aliança, ainda que não declarada oficialmente, causou um abalo entre seus eleitores, muitos dos quais são apoiadores de Jair Bolsonaro, e que agora se sentem traídos pela aproximação com o PSDB, partido que tem votado majoritariamente com o governo Lula.
Nomeações controversas e gastos elevados
Antes de sua nomeação na SED, Luiz Gustavo já havia sido destaque em reportagens devido aos valores elevados que recebeu enquanto assessor de Tavares. Em contratos firmados com a Assembleia Legislativa, o advogado chegou a receber pagamentos que variaram de R$7.400,00 a R$20.000,00 por mês, somando um total de R$185.800,00 ao longo de sua contratação.
A função real de Luiz Gustavo no gabinete de Tavares também é alvo de questionamentos. Embora registrado como consultor e assessor técnico, ele era frequentemente visto desempenhando tarefas de videomaker e capturando imagens para o ex-deputado, sugerindo um possível desvio de finalidade no contrato. A criação do CNPJ de sua empresa logo após Tavares assumir o mandato em 2023 aumentou as suspeitas de que a empresa foi criada exclusivamente para atender ao ex-parlamentar.
Impacto político
A aproximação entre Rafael Tavares e o PSDB não foi bem recebida por sua base, que vê na nomeação de Luiz Gustavo um reflexo de um acordo político. Além disso, a recente denúncia feita pelo assessor de Tavares, Alexandre Yuzo, contra a candidata a vereadora Vivi Tobias, sua ex-colega de trabalho, reforçou as tensões dentro do PL.
Com um histórico de oposição ao PSDB e uma postura que se dizia contrária aos privilégios políticos, o silêncio de Tavares e a nomeação de um de seus ex-assessores no governo estadual levantam dúvidas sobre a continuidade de sua trajetória política e o impacto em suas chances eleitorais futuras. Para muitos, a nomeação de Luiz Gustavo é um reflexo de que a velha política de acordos de bastidores ainda persiste.