Os bastidores da política nacional ganham novos contornos com as movimentações do PT em busca de uma federação com o PDT. O Partido dos Trabalhadores, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, tenta consolidar uma aliança estratégica para fortalecer sua base e conter possíveis rupturas internas, como a saída do PV, que já sinalizou descontentamento na composição

A negociação entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Previdência, Carlos Lupi, marca o início de um processo que pode redesenhar o tabuleiro político, especialmente no Mato Grosso do Sul.
O cenário nacional
Carlos Lupi, que se afastou da presidência do PDT para atuar no governo Lula, é o principal articulador da aliança. A federação, que obriga os partidos a atuarem de forma unificada nos legislativos por pelo menos quatro anos, pode ampliar a influência da esquerda no Congresso e reforçar a base governista. Entretanto, essa movimentação pode custar a saída de Ciro Gomes, uma das principais lideranças históricas do PDT, que desde as eleições de 2022 se posiciona como crítico ferrenho do PT.

Caso concretizada, a federação deve consolidar o protagonismo de Lupi e do presidente interino do PDT, André Figueiredo, enquanto Ciro, sem mandato e desgastado politicamente, se limita a uma posição simbólica.
Impactos no Mato Grosso do Sul
No cenário estadual, a possível federação com o PT pode dar novo fôlego à esquerda. Atualmente, o PT conta com três deputados estaduais na Assembleia Legislativa e dois representantes na Câmara Federal. Com a união, a expectativa é que a bancada petista seja ampliada, consolidando um espaço maior de representatividade.
Outro ponto de destaque é a possível candidatura do deputado federal Vander Loubet ao Senado. Essa movimentação pode abrir espaço para que o partido apresente um candidato ao governo estadual, que serviria como palanque para Lula ou um indicado do presidente nas eleições presidenciais de 2026.
Marquinhos Trad na encruzilhada política
O ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, atual nome mais expressivo do PDT no estado, está no centro das atenções. Após ser eleito vereador mais votado da capital em 2024, com 8.567 votos, Marquinhos reafirmou sua relevância no cenário político local. No entanto, em contato exclusivo com a equipe do Fato67, ele foi categórico ao afirmar que não permaneceria no PDT caso a federação com o PT se concretize.
“Com toda certeza, não ficaria na fusão”, declarou.

A legislação eleitoral permite que políticos mudem de partido sem perder o mandato em casos de fusão, que é quando mais de uma agremiação se une para formar um só partido. Isso colocaria Marquinhos em uma posição estratégica: ele teria liberdade para buscar uma nova legenda, mantendo sua cadeira e, possivelmente, reposicionando-se como liderança independente no estado. Mas o caso do PDT é o PT se trata de uma conversa para federação que é quando mais de um partido se juntam para atuarem como se fossem um bloco só. Nesse caso Marquinhos só poderia deixar o partido sem perder o mandato caso conseguisse alegar uma justa causa na Justiça Eleitoral.
Errata:
Ao contrário do que foi informado anteriormente, a formação de uma federação partidária, por si só, não caracteriza justa causa para desfiliação partidária sem perda do mandato, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 4 de junho de 2024. No entanto, o TSE admitiu que, em casos concretos, essa justa causa pode ser configurada, especialmente quando a federação envolve partidos com ideologias ou programas substancialmente distintos ou quando houver grave discriminação política contra parlamentares.