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    Licitações da Educação na gestão Reinaldo Azambuja são alvo de quatro operações da PF por suspeita de fraudes

    As licitações realizadas pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED-MS) durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) se tornaram alvo de pelo menos quatro operações da Polícia Federal nos últimos anos. A mais recente, deflagrada nesta quarta-feira (21), marca o retorno da pasta ao foco das autoridades investigativas após seis anos da operação “Nota Zero”, também conduzida pela PF e a Controladoria-Geral da União (CGU).

    Batizada de Vox Veritatis (“Voz da Verdade”, em latim), a nova operação cumpriu nove mandados de busca e apreensão – oito em Campo Grande e um no Rio de Janeiro – para investigar um suposto esquema de fraude milionária em contratos da SED-MS. A ação é desdobramento das operações “Mineração de Ouro” e “Terceirização de Ouro”, que já vinham apurando o desvio de recursos públicos federais no Estado.

    Segundo a PF, empresários, em conluio com servidores da Secretaria, manipulavam processos de adesão a atas de registro de preços de outros órgãos. Os contratos eram fechados com sobrepreço, o que permitia o repasse de comissões de 5% aos intermediários do esquema, valor que era posteriormente dividido com agentes públicos envolvidos.

    Exonerações e contratos sob suspeita

    Conforme apurado pelo portal Midiamax e confirmado pelo Fato67, todos os servidores da SED-MS investigados na operação já foram exonerados, o que explica a ausência de mandados de busca diretamente no prédio da secretaria.

    A nova ofensiva ocorre após outras duas operações do Ministério Público Estadual (MPMS) entre 2023 e 2024: a “Turn Off” – cuja primeira fase, em novembro do ano passado, resultou na prisão do então secretário-adjunto da Educação, Édio Antônio Resende de Castro. A segunda fase, deflagrada em junho de 2024, também prendeu empresários suspeitos de participar do esquema.

    Os alvos da Turn Off incluíam ainda a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e apontavam fraudes em contratos para aquisição e locação de equipamentos médicos, aparelhos de ar-condicionado para escolas estaduais, e materiais destinados à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Campo Grande. Havia indícios de pagamento de propinas a diversos servidores públicos.

    Operação Nota Zero: o início

    A investigação mais antiga, a operação Nota Zero, foi deflagrada em maio de 2019 e já apontava práticas semelhantes de corrupção na SED. Na ocasião, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na capital, revelando um conluio entre sete empresas e servidores públicos para fraudar licitações voltadas à reforma de escolas estaduais.

    As apurações indicavam que, desde 2016, o grupo agia de forma coordenada para direcionar contratos que somaram mais de R$ 8 milhões. Segundo a PF, havia indícios claros de corrupção ativa e passiva, peculato e organização criminosa. A CGU confirmou irregularidades em oito licitações – uma concorrência no valor de R$ 2,2 milhões e sete tomadas de preços que totalizavam mais de R$ 7,3 milhões.

    Uma das empresas investigadas foi a SDI Informática e Construções, com sede em Campo Grande. Ela manteve R$ 12,8 milhões em empenhos com a SED desde 2015. A SDI venceu, por exemplo, a tomada de preços nº 22/2017, destinada à reforma da Escola Estadual Padre Constantino de Monte, em Maracaju, no valor de R$ 806 mil.

    Avanço das investigações

    As recentes fases da PF e do MP indicam que os esquemas de fraudes em licitações na Educação estadual foram persistentes ao longo dos anos, mesmo após o afastamento de servidores denunciados nas primeiras operações.

    A investigação sobre a atuação de servidores públicos e empresários nos contratos da SED-MS promete trazer à tona novos nomes e detalhar o suposto esquema que desviou milhões de reais dos cofres públicos, em contratos financiados com recursos federais.

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