Durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o senador Sergio Moro, da União Brasil-PR, foi alertado por um aliado, identificado como “Mestrão” em conversa no WhatsApp, para não expor seu voto em relação à indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Imagens do senador, que é oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), abraçado e sorrindo com Dino circularam nas redes sociais, gerando repercussão negativa.
O alerta de “Mestrão” foi claro: “não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando”. Em resposta, Moro indicou que manteria seu voto em sigilo como “um instrumento de proteção contra retaliação”.
Antes do tom de alerta, a conversa abordou também informações sobre o advogado do PT no processo de cassação de Moro, destacando que esse advogado é sócio do Diretor Geral da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), braço direito do presidente da Alep, Ademar Traiano, que enfrenta acusações de corrupção.
Durante a votação no plenário do Senado, a indicação de Flávio Dino para o STF teve 47 votos a favor e 31 contra. Moro, por sua vez, não declarou seu voto no levantamento feito pelo Estadão com todos os parlamentares.
Procurado, Moro, por meio de sua assessoria, esclareceu que a sugestão para manter o voto em sigilo foi feita por “Mestrão” devido à distorção do posicionamento do senador nas redes sociais após o cumprimento ao ministro Dino. O senador reforçou sua decisão de manter o sigilo do voto como uma forma de proteção contra retaliações, sem revelar a identidade de “Mestrão”.