Partido tenta controlar indicações para vagas de Aras e Rosa Weber, aumentando poder de influência no Judiciário
O PT elevou nos últimos dias as pressões para abocanhar ao menos parte das vagas que vão se abrir no Judiciário. Os esforços da legenda alcançam as duas principais cadeiras que vão se abrir nas próximas semanas: o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF). E se estendem ainda para o Ministério da Justiça, dependendo do desenho que for escolhido pelo presidente.
Nos bastidores, as pressões lançadas pelo PT já provocam desconforto e irritação na base aliada, em grupos ligados à área jurídica e entre ministros de tribunais superiores. Há queixas sobre a tentativa do partido de controlar todas as indicações e aumentar seu poder sobre o Judiciário.
Para a PGR, o partido tem como favorito o subprocurador Antonio Carlos Bigonha. Mas, diante dos acenos na direção do também subprocurador Paulo Gonet, os petistas têm concentrado grande parte dos esforços na escolha do novo ministro do Supremo. A aposta é que Lula fará uma negociação casada para as duas vagas.
No STF, a briga é mais intensa. Determinado a emplacar na vaga o advogado-geral da União, Jorge Messias, o partido viu crescer nos últimos dias as especulações em torno do nome de Flávio Dino para a vaga.
Tanto ministros do STF quanto juristas ligados a Lula relataram à CNN conversas com o presidente apontando para uma possível indicação do ministro da Justiça e Segurança Pública. Não há martelo batido, mas, segundo as fontes, já se fala em favoritismo de Dino.
Dino é filiado ao PSB, que acaba de perder o Ministério de Portos e Aeroportos para o Republicanos. O partido torce para manter o controle da pasta no caso de uma indicação de Dino, mas o PT já começa a ventilar nomes para o posto. O partido de Lula também fala em dividir novamente a pasta, indicando um novo titular na Justiça e deixando a cadeira da Segurança Pública para o PSB.
Para a Justiça, setores do PT já falam em emplacar Messias na cadeira. Mas até o nome de Gleisi Hoffmann entrou na lista. A presidente nacional do PT é formada em Direito e ajudaria a dissipar a repercussão negativa com a redução de cadeiras femininas no STF. Mas a carreira da dirigente tem menos a ver com o Judiciário e mais com o movimento estudantil e na administração pública. Além disso, Lula indicou o início do governo que prefere Gleisi no comando do partido.
Sob reserva, um ministro do Supremo disse à CNN considerar que a escolha do novo PGR será a mais complicada no pacote. O perfil do substituto de Augusto Aras pode determinar todo restante da dança das cadeiras.