Partido apresentou proposta no Congresso Nacional; como petistas ainda não podem voltar no tempo, alegam “reparação histórica’ com ex-presidente
O PT ainda não pode voltar no tempo — mas isso não impediu que o partido apresentasse uma proposta para desfazer os atos do Congresso Nacional que levaram ao impeachment de Dilma Rousseff (foto), em 2016. A proposta foi apresentada nesta segunda-feira (29).
Para o partido, é claro que a presidente afastada pelas pedaladas fiscais não voltará ao cargo, hoje ocupado pela terceira vez pelo seu mentor intelectual e seu principal patrocinador. Seria o caso, então, de uma “reparação histórica”.
“Torna-se um dever do Congresso Nacional, compromissado com a memória nacional e não apegado aos seus eventuais erros, promover reparação histórica quanto à retirada furtiva e desarrazoada do mandato presidencial de Dilma Vana Rousseff” indica a CNN Brasil, ao tratar do documento apresentado pelo partido ao Legslativo.
Aos fatos: o processo que afastou Dilma do poder, entre 2015 e 2016, foi votado nas duas casas do Congresso Nacional, com base nas perigosas pedaladas: a economia criativa do governo de Dilma atrasou o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo, que por sua vez apresentou (artificialmente) melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e à própria sociedade. “Na realidade, o governo quis bancar que aquilo estava correto. Eu ia dizendo, se o governo tivesse a humildade de dizer assim, ‘nós estamos devendo’… Em junho julgamos. Houve as pedaladas e dissemos: ‘eu quero que vocês paguem’. Se o governo dissesse assim: ‘nós vamos pagar, nós erramos” e apresentasse no balanço isso…”, comentou em 2015 o então ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro — hoje ministro da Defesa de Lula.
O processo — aberto por Eduardo Cunha (MDB-RJ), um desafeto público do governo — contou com a maioria das duas Casas, incluindo o voto de pessoas como a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que votou pelo afastamento na sessão final. Ela, hoje, é ministra do Planejamento de Lula.
Uma vez de volta ao poder, Lula e o PT não deixam de lado a narrativa de “golpe” adotada contra Dilma. Neste final de semana, Lula adiantou a jogada, ao dizer que Dilma — hoje morando na China e no confortável cargo de presidente do NDB, o “Banco do Brics”— merecia uma “reparação histórica”.