O deputado federal Beto Pereira, pré-candidato a prefeito de Campo Grande pelo partido tucano, recentemente anunciou a destinação de R$ 6,5 milhões em recursos provenientes de emendas para hospitais da capital. No entanto, a iniciativa, que à primeira vista poderia parecer um apoio bem-vindo em meio à crise de saúde, está sendo questionada quanto à sua eficácia e motivação real.
O anúncio, feito em conjunto com o secretário estadual de saúde, Maurício Simões, levanta algumas questões preocupantes. De acordo com a nota divulgada à imprensa, parte desses recursos seria destinada a instituições que atualmente não possuem a estrutura ou capacidade operacional para lidar com a demanda de saúde da cidade. Entre essas instituições estão a APAE e o Instituto Juliano Varela, que, embora desempenhem papéis cruciais na assistência à população, não estão equipadas para enfrentar a atual crise de saúde.
O momento é crítico, com um aumento alarmante de casos de doenças respiratórias em Campo Grande e em todo o país, sobrecarregando tanto os serviços de saúde públicos quanto privados.
No entanto, é evidente que, apesar do alarde em torno dos R$ 6,5 milhões, nenhum centavo será direcionado para o custeio da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, a entidade responsável por gerenciar e melhorar as condições de atendimento local. Esta não é uma prática nova por parte do parlamentar; ele frequentemente direciona suas emendas para o Estado ou outras instituições, ignorando as necessidades reais do município.
Essa omissão levanta dúvidas sérias sobre as verdadeiras intenções por trás da iniciativa, especialmente em um ano eleitoral. Parece que o objetivo do deputado é mais fazer politicagem com o dinheiro público do que realmente ajudar a cidade em suas necessidades emergentes de saúde.
Diante dessa realidade, é crucial que tanto a população quanto as autoridades locais exijam transparência do Governo do Estado sobre como esses recursos serão utilizados. Eles serão destinados à abertura de leitos, à compra de materiais e medicamentos, à contratação de pessoal? Essas são as necessidades urgentes do município neste momento.
O uso de emendas parlamentares para promoção política desvia recursos que deveriam ser destinados às necessidades da população. É fundamental que esses recursos sejam utilizados de forma transparente e eficaz para atender às demandas reais da comunidade. Quando os parlamentares priorizam sua visibilidade política em detrimento do interesse público, isso mina a confiança na classe política e compromete a eficácia das políticas públicas.
Desde que se tornou pré-candidato, o deputado tem criticado duramente a gestão financeira dos recursos de saúde do município, mas parece desconhecer a composição do orçamento, insistindo que “o dinheiro está lá, só falta gestão”. No entanto, a realidade é mais complexa, com grande parte do orçamento destinado a despesas fixas, como folha de pagamento e serviços contratualizados.
Com uma população de 898 mil habitantes e 1,6 milhão de cartões SUS, Campo Grande enfrenta desafios significativos em seu sistema de saúde. É hora de responsabilidade e transparência por parte dos governantes, garantindo que os recursos públicos sejam usados efetivamente para atender às necessidades da comunidade, e não para alimentar agendas políticas pessoais.