A superlotação da Santa Casa de Campo Grande, que levou o hospital a pedir a suspensão de novos atendimentos e registrar um boletim de ocorrência denunciando o risco de colapso no atendimento, escancarou os desafios enfrentados pela saúde pública na Capital. No entanto, a Prefeitura já havia se antecipado ao problema: em fevereiro, a prefeita Adriane Lopes (PP) determinou a realização de uma auditoria na Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) para identificar gargalos e otimizar os investimentos no setor.
Crise na Santa Casa e resposta da Prefeitura

No dia 24 de março, a Santa Casa divulgou um ofício informando que não poderia mais receber pacientes devido à situação “caótica” da superlotação. O pronto-socorro, projetado para 13 pacientes, estava com 80. No dia 26, a direção do hospital registrou um boletim de ocorrência alegando desespero diante da sobrecarga e da necessidade urgente de cirurgias para 70 pacientes. Como resposta, a Prefeitura, por meio da Sesau e das Centrais de Regulação Municipal e Estadual, transferiu 36 dos 43 pacientes solicitados para outros hospitais e municípios.
A administração municipal enfatizou que tem cumprido rigorosamente o cronograma de repasses à Santa Casa, que foi ampliado em R$ 1 milhão mensais, passando de R$ 5 milhões para R$ 6 milhões. Além disso, desde fevereiro, o município tem trabalhado para ampliar a oferta de leitos hospitalares, conseguindo a confirmação de 52 novos leitos clínicos em hospitais filantrópicos e um reforço de 150 cirurgias ortopédicas e 50 cirurgias gerais mensais, reduzindo a pressão sobre a Santa Casa.
Auditoria para garantir transparência e eficiência
No evento “Saúde Acolhe”, promovido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) no dia 25 de fevereiro, Adriane Lopes anunciou a auditoria na Sesau como uma medida para corrigir distorções nos gastos e melhorar a gestão da saúde pública. Durante seu discurso, a prefeita ressaltou que a rede municipal atende cerca de 500 mil pessoas além da população da Capital, o que gera um alto custo para o sistema. Um dos pontos críticos levantados foi a diferença entre os R$ 33 milhões investidos anualmente na compra de medicamentos e os R$ 42 milhões gastos com judicializações para fornecimento de fraldas e dietas especiais.
“Quando eu invisto R$ 33 milhões na compra de medicação, mas tenho R$ 42 milhões em judicializações só de fralda e dietas, alguma coisa está errada. Precisamos rever e fazer o caminho de volta na saúde. Por isso, estamos propondo uma auditoria na Secretaria Municipal de Saúde para identificar os problemas e buscar soluções”, afirmou a prefeita.
Um novo modelo de gestão para a saúde

Durante sua gestão anterior, Adriane Lopes herdou os problemas da administração de Marquinhos Trad. Agora, com um novo orçamento que será utilizado integralmente sob sua gestão, a prefeita terá a oportunidade de colocar em prática seu modelo de administração desde o início. A auditoria na Sesau faz parte dessa nova abordagem, garantindo que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e transparente para melhorar o atendimento à população.
Parcerias para fortalecer a Saúde
A crise na Santa Casa também reforçou a necessidade de novas parcerias entre os governos municipal, estadual e federal para ampliar os investimentos na saúde pública. Com medidas antecipadas e ações emergenciais, a Prefeitura busca evitar um colapso no sistema de saúde e garantir que a população de Campo Grande tenha acesso a atendimentos de qualidade.