Em Mato Grosso do Sul, onde a brisa conservadora sopra forte nas redes sociais e fraca na coerência, um certo site que se diz defensor da moral, da pátria e da família anda refestelado no conforto de uma mamadeira institucional. De onde vem o leitinho? De um órgão público, é claro. O mesmo que estampa selos, logotipos e banners pagos com dinheiro do contribuinte para encher de anúncios o portal do tal “libertário da vez”.
Mas calma. Receber verba pública de publicidade não é crime. Ao contrário, é legal, legítimo e, quando bem aplicado, uma forma de garantir que a população saiba o que está sendo feito com o seu dinheiro. O problema é quando o suínocídio ético acontece: o servidor já refestelado no contracheque público mete a boca no cocho mais uma vez, desta vez, como “mídia independente”.
Eis que, entre o grunhido da liberdade e o chafurdo da conveniência, surge o dilema: será mesmo independência quando o dono do site é, ao mesmo tempo, chefe de gabinete de um parlamentar da capital, e ainda assim se apresenta como arauto da imprensa livre? Ou estamos apenas diante de mais um porquinho que trocou o paletó pela camisa da “direita gourmet”, mas continua com o focinho enterrado na mesma pocilga de sempre?
A peça está montada. O espetáculo? Um verdadeiro teatro de hipocrisias. Mas como diria aquele filme brilhante e sanguinário que misturava vingança e bastidores: “Bastardos Inglórios”. E como no filme, às vezes, o fogo vem do lugar mais inesperado.
O que incomoda, e incomoda mesmo, não é o dinheiro da publicidade, mas o tipo de personagem que faz pose de fiscal da moralidade enquanto segura a tocha da censura com a outra mão. Já teve até quem tentasse calar veículos de comunicação independentes no grito, se valendo da “autoridade emprestada” de cargos temporários que duram só quatro anos (ou menos, dependendo da memória do eleitor).
Será medo de ser desmascarado? Rabo preso com quem tem arquivos comprometedores? Ou só mais um daqueles casos em que o discurso de liberdade só vale enquanto for o próprio discurso?
Os bastidores estão quentes. E dizem por aí que tem gente com galão de gasolina numa mão e o isqueiro na outra, só esperando o momento certo para fazer a peça teatral arder até o último aplauso hipócrita.
Quando o fogo subir, não adianta correr pro chiqueiro. Porque porco com rabo preso, meu amigo, não escala cerca. Só grita.