Investigado por desviar R$ 10 milhões da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), o ex-presidente da entidade, Francisco Cezário de Oliveira, alegou à Justiça que não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais. O pedido foi feito em um recurso apresentado ao Tribunal de Justiça de MS, mas o magistrado responsável exigiu comprovação da alegação — sob pena de indeferimento.
Destituído da presidência da FFMS em outubro de 2024, Cezário tenta, desde então, retornar ao cargo por meio de recursos judiciais, todos sem sucesso até o momento. Em 2023, ele foi preso duas vezes no âmbito da Operação Cartão Vermelho, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), acusado de liderar um esquema que desviou milhões da entidade. Ainda assim, sustenta ações no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, com advogado particular, para tentar reverter sua saída.
No pedido mais recente, com o qual tenta levar o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a defesa alega que o ex-dirigente “não possui no momento condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu sustento”. No entanto, o pedido não foi acompanhado de documentos como extratos bancários ou declaração de imposto de renda. O desembargador Fernando Mauro Moreira Marinho, vice-presidente do TJMS, determinou a intimação de Cezário para que, no prazo de cinco dias, comprove a alegada hipossuficiência financeira.
A FFMS, por sua vez, reforça a destituição com base em provas do processo criminal, anexando documentos à Justiça que detalham práticas irregulares atribuídas ao ex-presidente. Segundo a entidade, Cezário teria transferido mais de R$ 2 milhões a familiares, falsificado carimbos e omitido informações contábeis, entre outras condutas que “não coadunam com as boas práticas administrativas”.
A diretoria da FFMS afirmou que todos os atos de gestão considerados temerários foram analisados juridicamente e apresentados em assembleia extraordinária realizada em 14 de outubro de 2024. A reunião, convocada pelo então presidente interino Estevão Petrallas, resultou na destituição oficial de Cezário, que comandava a entidade havia 28 anos. Atualmente, o ex-dirigente responde em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica.
Petrallas assumiu a presidência interinamente até as eleições de abril de 2025, quando foi eleito presidente da entidade após um processo conturbado, marcado por disputas judiciais e denúncias de má gestão no comando anterior.