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    Cezário inventava projetos para desviar recursos e ‘maquiava’ prestação de contas enviadas à CBF

    Investigações revelam como Francisco Cezário de Oliveira liderou esquema de desvio de mais de R$ 15 milhões em recursos destinados ao futebol

    Cezário inventa projetos para desviar recursos e ‘maquiava’ prestação de contas enviadas à CBF

    Uma ampla investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) revelou um esquema complexo e abrangente de desvio de verbas públicas envolvendo a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS). Francisco Cezário de Oliveira, presidente da entidade, está no centro do escândalo que desviou milhões de reais provenientes do Governo do Estado e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nos últimos anos.

    Interceptações telefônicas realizadas pelo Gaeco expuseram a maneira pela qual Cezário e seus associados manipulavam a prestação de contas da FFMS para embolsar recursos públicos. Em uma das conversas interceptadas, Cezário e um homem identificado como Romeu discutem estratégias para desviar dinheiro. “Nós não temos um jeito de inventar um projeto pra nós ganhar dinheiro, cara?”, indaga Romeu, ao que Cezário responde: “Nós precisamos ganhar dinheiro desse futebol”.

    Conforme os investigadores, esse diálogo é uma evidência clara de que a FFMS era utilizada para obter vantagens indevidas. O juiz Eduardo Eugênio Siravegna Junior, da 2ª Vara Criminal, citou essas transcrições para justificar a prisão preventiva de Cezário e seu grupo durante a Operação Cartão Vermelho.

    Outro ponto crucial das investigações é o envolvimento de Umberto Alves Pereira, sobrinho de Cezário e responsável pelo setor financeiro da entidade, e Rudson Bangarim Barbosa, gerente de TI da FFMS. Em conversas interceptadas, eles discutem formas de “maquiar” as prestações de contas enviadas à CBF. Umberto sugeriu falsificar valores para encobrir os desvios: “Vamos dar uma maquiada e mandar pra ele”, propôs em um dos diálogos com Erley Freitas da Rocha, técnico responsável pelas contas da entidade.

    O relatório do Gaeco detalha que o grupo liderado por Cezário realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não levantar suspeitas. Entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, foram desviados mais de R$ 6 milhões. Durante o cumprimento de mandados nesta terça-feira, foram apreendidos mais de R$ 800 mil, inclusive em notas de dólar, além de armas e munições.

    As interceptações também revelaram que o dinheiro desviado era distribuído entre os integrantes da organização criminosa e outras empresas envolvidas no esquema. Essas empresas recebiam altas quantias da federação e devolviam parte do dinheiro “por fora” ao grupo. Além disso, foi descoberto um esquema de desvio de diárias de hotéis pagos pelo Estado de Mato Grosso do Sul para jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

    O esquema de corrupção não se limitava apenas a desviar verbas públicas, mas também incluía a manipulação de projetos fictícios para justificar os gastos. Em uma das conversas interceptadas, Cezário e Romeu discutem a criação de projetos inexistentes em prefeituras do interior de São Paulo, com o intuito de desviar ainda mais dinheiro.

    Redação
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