Dois ex-trabalhadores do Consórcio Guaicurus relataram, nesta terça-feira (11), durante depoimentos à CPI do Transporte Público da Câmara Municipal de Campo Grande, condições alarmantes enfrentadas por quem opera o sistema de ônibus na Capital. Os relatos destacam não só o impacto na qualidade do serviço prestado à população, como também o desgaste físico e psicológico dos trabalhadores.
O ex-motorista Weslei Conrado, que trabalhou no sistema entre 2022 e 2024, descreveu a rotina como “desumana”. Segundo ele, era comum dirigir veículos com problemas mecânicos, como elevadores de acessibilidade quebrados e velocímetros sem funcionar. A superlotação e as longas jornadas eram recorrentes. “Teve vez em que precisei pedir a um cadeirante para esperar outro ônibus, pois o elevador estava quebrado. Me senti impotente e decidi sair”, contou.
Atualmente, Weslei atua como motorista em Florianópolis, onde diz encontrar melhores condições de trabalho.Também foi ouvido o ex-funcionário da bilhetagem Gabriel da Silva Souza Almeida, que trabalhou por seis meses no consórcio. Ele apontou a falta de estrutura nas cabines, como ausência de ar-condicionado e cadeiras inadequadas. Gabriel ainda relatou assédio moral e pressão constante por metas. “Além de um serviço caro e mal executado, o Consórcio enfraquece os direitos dos trabalhadores e prejudica ainda mais a qualidade do transporte”, criticou.
A comissão parlamentar investiga supostas irregularidades no sistema de transporte coletivo da cidade. As próximas oitivas da CPI estão marcadas para a segunda-feira (16), com os depoimentos de João Rezende, ex-diretor do consórcio, às 13h, e Robson Luiz Strengari, ex-gerente executivo, às 15h.