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    Denúncia no CNJ contra desembargadores envolve fazenda de R$ 85 milhões e testamento do Paraguai

    Uma nova denúncia apresentada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta supostas irregularidades envolvendo desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS)

    Denúncia no CNJ contra desembargadores envolve fazenda de R$ 85 milhões e testamento do Paraguai

    No centro do caso estão a Fazenda Aurora, uma propriedade de 15 mil hectares avaliada em R$ 85 milhões, e um testamento feito no Paraguai há 70 anos. A reclamação foi protocolada pelo advogado Ari Pargendler, representando um casal que, além de perder a propriedade, foi condenado a pagar R$ 20 milhões em honorários advocatícios.

    A denúncia foi protocolada em dezembro do ano passado e envolve o atual presidente do TJMS, desembargador Dorival Renato Pavan, e o desembargador Marcos José de Brito Rodrigues. Apenas Rodrigues foi afastado e é investigado na Operação Ultima Ratio, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2023. O caso veio à tona na última semana, após publicação na coluna PlatôBR, da revista IstoÉ.

    Disputa judicial por fazenda milionária

    A Fazenda Aurora, localizada no município de Jardim, é alvo de disputas judiciais desde 1950. O caso já transitou em julgado duas vezes, mas teve uma reviravolta no TJMS. O pecuarista Osvaldo Durães Filho e sua esposa, Amélia Barbosa Durães, alegam ser herdeiros legítimos de Waldemar de Souza Barbosa e Benedita Mont’Serrat Barbosa, considerados donos da propriedade.

    Contudo, o espólio de José Maria Coelho Xavier entrou com alegação de que ele seria o verdadeiro herdeiro, com base em um testamento de Etelvina Garcete Xavier, supostamente lavrado no Paraguai em 1936. Em 1997, o então juiz Geraldo de Almeida Santiago, de Jardim, negou a anulação da matrícula da fazenda, decisão que transitou em julgado no início de 1999.

    Porém, uma nova ação foi movida, desta vez em Campo Grande, e o então juiz Marcos José de Brito Rodrigues acatou o pedido do espólio de Xavier, reconhecendo a validade do testamento e transferindo a posse da fazenda aos herdeiros de Etelvina Garcete Xavier.

    Irregularidades apontadas na decisão

    Segundo a petição apresentada ao CNJ, Rodrigues não tinha competência para julgar o caso. Além disso, alega-se que houve violação da coisa julgada, já que decisões anteriores haviam negado validade ao testamento paraguaio.

    Os herdeiros recorreram ao TJMS, e o caso passou a ser relatado pelo desembargador Dorival Renato Pavan. Durante dez anos, em três decisões distintas, Pavan deu razão ao casal, rejeitando o testamento estrangeiro. Entretanto, posteriormente, mudou seu entendimento e não apenas reconheceu a validade do documento, como também elevou o valor da causa para R$ 85,3 milhões e condenou o casal ao pagamento de honorários advocatícios que hoje ultrapassam R$ 20 milhões.

    A denúncia sustenta que houve decisões arbitrárias e inconsistências jurídicas, como o reconhecimento de um testamento sem a apresentação do documento original. Além disso, argumenta que Etelvina Garcete Xavier faleceu em 1943, mas o testamento teria sido lavrado apenas em 1979, o que evidenciaria falsidade documental. Também há menção ao fato de que o documento refere-se ao estado de Mato Grosso do Sul, que só foi criado em 1977.

    Posicionamento do TJMS

    Em nota, a assessoria do TJMS afirmou que o caso já foi analisado pelo CNJ e arquivado por falta de irregularidades. “O pedido de apuração disciplinar objeto da notícia já foi anteriormente submetido à apreciação do Conselho Nacional de Justiça, sendo que o Ministro Luiz Felipe Salomão, então Corregedor Nacional de Justiça, não viu elementos mínimos para instaurar qualquer procedimento contra os magistrados citados”, informou o tribunal.

    Redação
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