O deputado estadual João Henrique (PL-MS) levou ao Ministério Público Estadual e Federal uma representação formal pedindo investigação urgente sobre a administração da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), presidida há 14 anos pelo médico Ricardo Ayache.
Em discurso na Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (15), o parlamentar também reforçou o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar indícios de má gestão, falta de transparência e possível enriquecimento ilícito.
De acordo com os documentos entregues aos procuradores-gerais Romão Avila Milhan Junior (MP-MS) e Paulo Gonet (MPF), a gestão da Cassems estaria envolvida em contratos suspeitos, aquisição de imóveis e patrimônio incompatível com a renda declarada. O deputado destacou que há indícios de favorecimento a empresas contratadas que têm vínculos com o presidente da entidade.
Um dos casos apontados é a compra, em 2021, de uma aeronave modelo Embraer BEM 121 “Xingu” por uma empresa da qual Ayache fazia parte, juntamente com sócios que prestam serviços para a Cassems. Segundo João Henrique, após os primeiros questionamentos feitos por seu gabinete, o nome de Ayache foi retirado da sociedade sem registro de contrapartida financeira, o que levanta dúvidas sobre possíveis manobras para ocultar vínculos comerciais.
Outro ponto citado é o contrato firmado com a empresa Suda Odonto, que, segundo o deputado, teve sua carteira suspensa pela ANS (Agência Nacional de Saúde) por irregularidades financeiras e administrativas em 2022. Apesar disso, a empresa seguiu prestando serviços odontológicos aos servidores sem que a maioria fosse informada da restrição.
O deputado também mencionou a aquisição de um terreno de mais de 23 mil m² às margens do Rio Sucuriú, em sociedade entre Ayache e Fabricio Colacino Silva — empresário que também tem contrato com a Cassems. O imóvel foi comprado por R$ 550 mil e, meses depois, garantiu um empréstimo de R$ 1 milhão, quitado em tempo considerado incomum. Atualmente, a propriedade estaria avaliada em mais de R$ 7,7 milhões.
Em outro trecho da denúncia, João Henrique critica a falta de prestação de contas referente a um repasse de R$ 60 milhões do Governo do Estado à Cassems, feito em setembro de 2023. Para ele, o uso de recursos públicos exige maior transparência por parte da direção da instituição.
Diante do cenário, o deputado protocolou o projeto de lei 78/2025, que propõe ampliar os direitos dos servidores associados, principalmente por meio da digitalização de processos de participação e votação interna. O objetivo é garantir acesso a informações e decisões da entidade com mais transparência e facilidade.
“A Cassems recebe recursos públicos, tem milhares de servidores como associados e precisa se abrir à fiscalização. O que está em jogo é a saúde e o dinheiro do servidor”, afirmou João Henrique.