Operação “Vox Veritatis” apura esquema de fraudes milionárias em contratos da Secretaria de Educação durante gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (21) a operação Vox Veritatis, com foco na apuração de fraudes em contratos da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED), durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão — sete em Campo Grande e um no Rio de Janeiro — com alvos que vão de ex-servidores públicos a empresários ligados a contratos milionários com a pasta.
Alvos identificados
Entre os principais alvos estão:
- Édio Antônio Resende de Castro, ex-secretário-adjunto da SED, que já havia sido preso em 2023 durante a 1ª fase da Operação Turn Off;
- Andrea Cristina Souza Lima, ex-coordenadora de licitações da secretaria, também implicada na mesma operação;
- Marcelo Américo dos Reis, empresário e sócio da Hex Marketing, cuja residência no bairro de Ipanema (RJ) foi alvo de buscas. A PF apreendeu R$ 146,8 mil em dinheiro vivo em sua casa;
- Elimar Pereira dos Santos, sócio da Pro-Info Energia;
- Leonardo Primo de Araújo, sócio da Comercial L&L.
Durante as diligências em Campo Grande, a Polícia Federal também encontrou R$ 363 mil em espécie dentro de um cofre em um apartamento de luxo que estava desocupado.
Esquema milionário
Segundo as investigações, os envolvidos faziam parte de um esquema de manipulação de atas de registro de preços com adesões indevidas e contratos com sobrepreço. O modelo permitia o pagamento de comissões de até 5% sobre o valor negociado aos intermediários, que posteriormente dividiam o montante com servidores públicos da SED.
A operação é desdobramento das investigações “Mineração de Ouro” e “Terceirização de Ouro”, ambas voltadas para apurar desvios de recursos federais em Mato Grosso do Sul. Os investigados poderão responder por peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública e o processo licitatório.
Envolvimento anterior: Turn Off
A operação Turn Off, deflagrada em novembro de 2023, já havia apontado fraudes em processos de licitação envolvendo a SED e a SES (Secretaria de Estado de Saúde). Um dos contratos investigados previa o fornecimento de aparelhos de ar-condicionado no valor de R$ 13 milhões. Segundo o Ministério Público, houve direcionamento da licitação e pagamento de propina a servidores, com valores divididos entre Andrea Lima e uma empresa ligada a Édio Castro.
Na 2ª fase da Turn Off, em junho de 2024, o MP cumpriu mais dois mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. Entre os alvos estavam os empresários Lucas e Sérgio Duarte Coutinho, da empresa Comercial Isototal Eireli, vencedora da licitação milionária investigada.
Governo do Estado se posiciona
Em nota oficial, o Governo de Mato Grosso do Sul informou que nenhum servidor ativo nem a própria Secretaria de Educação foram alvos diretos das ações desta quarta-feira. A administração estadual declarou ainda que está acompanhando o andamento das investigações e que irá colaborar com as autoridades competentes, adotando as medidas legais cabíveis assim que houver acesso formal aos autos.
Histórico de investigações na SED
Essa não é a primeira vez que a Secretaria de Educação é alvo da Polícia Federal. Em 2019, a operação “Nota Zero” já havia revelado esquemas de conluio entre empresas e servidores para fraudar licitações e obter contratos milionários para reformas escolares, somando mais de R$ 8 milhões em recursos públicos desviados.
Com a deflagração da Vox Veritatis, a SED volta ao centro de um dos maiores escândalos investigados pelas autoridades federais em Mato Grosso do Sul nos últimos anos.
