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    PF suspeita de atuação de investigados por venda de sentenças na Justiça Federal; esquema teria ramificações no TRF-1

    A Polícia Federal investiga a possível atuação de investigados por venda de sentenças judiciais na Justiça Federal, especialmente no âmbito do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região)

    PF suspeita de atuação de investigados por venda de sentenças na Justiça Federal; esquema teria ramificações no TRF-1

    As suspeitas surgiram a partir de transações financeiras realizadas por Andreson de Oliveira Gonçalves, advogado e empresário apontado como líder de um suposto esquema de comercialização de decisões judiciais, e sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues.

    De acordo com informações divulgadas pelo colunista Aguirre Talento, do portal UOL, a PF identificou uma movimentação financeira considerada atípica entre Mirian e Aline Gonçalves de Sousa, advogada casada com o desembargador César Jatahy, do TRF-1. Em junho de 2023, Mirian transferiu R$ 938 mil para o escritório de Aline, valor que chamou a atenção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e foi incluído em um relatório encaminhado à Polícia Federal.

    Aline confirmou ao UOL que foi contratada por Mirian para atuar em um processo judicial, mas não revelou detalhes sobre o caso. Segundo o levantamento da PF, Mirian atua como advogada em pelo menos 15 processos em andamento no TRF-1, embora nenhum deles esteja sob relatoria de César Jatahy, marido de Aline.

    Esquema teria alcance nacional

    Com sede em Brasília, o TRF-1 tem jurisdição sobre o Distrito Federal e 13 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins. A PF apura se a atuação de Andreson e Mirian também alcançou o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso), além do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), onde o esquema teria origem.

    Procurada, a defesa do casal afirmou que irá se manifestar apenas nos autos do processo. Em manifestações anteriores, os advogados negaram que Andreson e Mirian tenham poder de influenciar decisões judiciais.

    Operação Ultima Ratio afastou cinco desembargadores do TJMS

    As investigações da PF resultaram na deflagração da Operação Ultima Ratio, que revelou um esquema de venda de sentenças no TJMS e levou ao afastamento de cinco desembargadores: o atual presidente da Corte, Sérgio Fernandes Martins, o desembargador Sideni Soncini Pimentel, eleito para presidir o Tribunal a partir de 2026, além de Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos e Marcos José de Brito Rodrigues.

    Em nota, a Polícia Federal informou que também apura indícios de vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais. Conforme os investigadores, Andreson tinha acesso privilegiado a decisões antecipadas de ministros do STJ, o que reforça a suspeita de tráfico de influência em favor de advogados e partes interessadas.

    Preso desde novembro de 2024, Andreson segue detido após o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitar um pedido de liberdade. Mirian, por sua vez, cumpre medidas cautelares e é monitorada por tornozeleira eletrônica.

    Conexões com advogado de Campo Grande e negociações milionárias

    Interceptações telefônicas obtidas pela PF revelaram diálogos entre Andreson e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, também investigado. Em uma das conversas, Andreson menciona uma negociação em que o valor de R$ 290 mil foi considerado baixo para pagamento de propina.

    “Salvo melhor juízo, as frases proferidas levam a crer que Andreson estaria insinuando que a quantia de R$ 290.000,00 seria considerada irrisória para o pagamento de propina”, apontou relatório da PF.

    Um despacho assinado pelo ministro do STJ, Francisco Falcão, reforça a suspeita ao indicar que Felix recebeu R$ 1,1 milhão da empresa Florais Transporte, de propriedade de Andreson, em 2017.

    Parceria com advogado executado em Mato Grosso

    Outro elo central nas investigações é a relação entre Andreson e o advogado Roberto Zampieri, executado com dez tiros em dezembro de 2023, em frente ao próprio escritório, no Mato Grosso. Áudios encontrados no celular de Zampieri revelam que Andreson cobrava pagamentos em aberto, o que pode ter ligação com o crime.

    Durante as buscas, a PF apreendeu um notebook que pode conter informações relevantes sobre a atuação da dupla. A Polícia Civil do Mato Grosso concluiu o inquérito sobre o assassinato de Zampieri em julho de 2024 e indiciou o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo como mandante do crime. Conforme a polícia, Aníbal teria contado com a intermediação do coronel do Exército Luiz Cacadini, que teria recrutado os executores do homicídio.

    As investigações sobre o esquema de venda de sentenças e suas ramificações seguem em andamento, com a análise de novas provas e documentos obtidos pela PF.

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