A corrupção no Detran-MS foi facilitada por nomeações estratégicas realizadas pelo deputado federal Beto Pereira (PSDB), segundo o que revelou o despachante foragido David Clocky Hoffaman Chita ao jornal MidiaMax.
De acordo com as denúncias, Pereira teria nomeado sua prima, Priscila de Rezende, para a Diretoria de Registro e Controle de Veículos (Dirve) com o objetivo de proteger e promover fraudes no órgão.
A nomeação ocorreu após um encontro em dezembro de 2022, no qual Pereira teria discutido a necessidade de arrecadar fundos para sua campanha à prefeitura de Campo Grande.
Chita, que tenta um acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual (MPMS), detalhou como o esquema desviava dinheiro para alimentar o caixa dois da campanha de Beto Pereira. A operação contava com o envolvimento de servidores públicos, empresários e políticos do PSDB.
Segundo o despachante, Pereira recebia propinas mensais de R$ 30 mil, enquanto outros membros do esquema, como o ex-diretor-adjunto do Detran-MS, Juvenal Neto, e o assessor Thiago Gonçalves, também eram beneficiados financeiramente.
O esquema, que foi desbaratado pela Operação Miríade, envolvia a falsificação de documentos de veículos, com propinas cobradas de proprietários em todo o país.
Hoffaman afirma que o montante desviado ultrapassou R$ 1,2 milhão, sendo diretamente utilizado para o financiamento da campanha de Pereira. Além disso, Chita aponta que Pereira teria utilizado sua influência para interferir nas investigações, removendo delegados que poderiam atrapalhar as fraudes no Detran-MS.
David Chita garante que pode fornecer provas substanciais contra o grupo e que teme por sua vida caso seja preso. Ele afirma que sua delação pode derrubar o esquema e trazer à tona mais envolvidos, incluindo políticos e figuras da alta cúpula do Detran-MS.