O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou, na manhã de terça-feira (18), a Operação Malebolge, que resultou na prisão preventiva de 11 pessoas em Campo Grande, Rochedo e Água Clara
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A investigação revelou um esquema de pagamento de propinas a servidores públicos para fraudar licitações, causando prejuízos milionários aos cofres municipais.
Lista de Presos na Operação Malebolge
Campo Grande:
- Douglas Geleilaite Breschigliari – empresário, dono da D&B Comércio Atacadista de Confecções
- Mauro Mayer da Silva – empresário, dono da Zellitec Comércio e Serviços
- Izolito Amador Campagna Júnior – empresário, dono da I.A. Campagna Junior & Cia LTDA
Rochedo:
- Celso Souza Marques – pescador e possível servidor público
- Luciana Mendes Carneiro – empresária
- Fabrício da Silva – empresário, dono de um cybercafé prestador de serviços para a prefeitura
- Renato Franco do Nascimento – servidor municipal, atua na Diretoria de Licitações
- Fernando Passos Fernandes – filho do prefeito Arino Jorge (PSDB) e servidor municipal da Diretoria de Licitações
Água Clara:
- Denise Rodrigues Medis – secretária de Finanças
- Duas servidoras da Secretaria de Educação (nomes não divulgados)
Operação e Investigações
A operação cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e 39 de busca e apreensão. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o esquema envolvia um empresário que fraudou contratos que ultrapassam R$ 10 milhões nos municípios de Água Clara e Rochedo, ambos administrados por prefeitos do PSDB.
A investigação revelou que os servidores recebiam propinas para atestar falsamente o fornecimento de produtos e serviços, agilizando processos e viabilizando pagamentos a empresas sem que houvesse a efetiva prestação do serviço.
Relação com Outras Operações
O esquema foi descoberto após a apreensão de celulares na Operação Turn Off, que investigava fraudes na saúde e educação, somando um prejuízo de R$ 68 milhões. O nome “Malebolge” faz referência à obra “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, onde os corruptos são punidos no inferno conforme a gravidade de seus pecados.
Interdição de Empresa e Apreensões
Durante as investigações, a Vigilância Sanitária interditou uma câmara frigorífica de uma fornecedora de alimentos para prefeituras, localizada em Campo Grande. No local, foram encontrados alimentos vencidos e impróprios para consumo, destinados à merenda escolar. Além disso, R$ 9 mil em espécie foram apreendidos com um dos investigados.
Fraude em Licitações e Ligacoes Familiares
A Operação Parasita, deflagrada em dezembro de 2022, também revelou uma rede de corrupção liderada pelos irmãos Lucas Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho. As investigações apontam que membros da família e servidores facilitavam contratos fraudulentos em troca de propina.
Um dos contratos sob investigação previa o fornecimento de aparelhos de ar-condicionado para a Secretaria Estadual de Educação (SED), no valor de R$ 13 milhões. A licitação teria sido direcionada e favorecido a Comercial Isototal Eireli, de propriedade de Lucas Coutinho.
Outra empresa investigada, a Isomed Diagnósticos Eireli-ME, pertencente à esposa de Sérgio Coutinho, também teria vencido contratos mediante manipulação de licitações. O MPMS segue apurando o envolvimento de outros servidores e a destinação dos valores desviados.